Professores acampam na Assembleia Legislativa de São Paulo

Cerca de 500 professores ocuparam as galerias do plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo, no final da tarde desta quarta-feira (15) para cobrar dos deputados um apoio efetivo à greve da rede estadual que já completou um mês. Mais de 300 passaram a noite acampados nas dependências da Casa. Nesta quinta-feira (16) a categoria vai decidir se permanece com o acampamento por mais um dia.

Greve dos professores de São Paulo - Reprodução

As lideranças da categoria, em greve desde 13 de março, querem a intermediação política dos deputados para abrir um canal concreto de negociação com o governo estadual. Segundo a Apeoesp, a greve tem adesão de 70% dos 240 mil professores da rede pública estadual.

Os professores reivindicam aumento salarial de 75,33% para equiparação com demais categorias de nível superior, contratação de professores temporários com garantia de direitos, aumento do vale alimentação e vale transporte, entre outros itens que visam também à melhoria da escola pública, como a reabertura de classes e desmembramento de classes superlotadas. A categoria tem reunião marcada para o dia 23 com o secretário da Educação, Herman Voorwald, mas quer negociação direta com a Casa Civil.

A ocupação das galerias começou após audiência pública convocada por 20 deputados de nove partidos para discutir a pauta de reivindicações dos professores.

Participaram da audiência deputados da oposição, professores em greve, entidades estudantis e líderes sindicais que denunciaram o descaso com a escola pública e aproveitaram a ocasião para reafirmar o dia nacional de luta contra o PL 4330, que regulamenta o trabalho terceirizado, e contra as Medidas Provisórias 664 e 665, que restringem o acesso ao seguro-desemprego e benefícios previdenciários como a pensão por morte. Durante a audiência pública, oradores e manifestantes também gritaram palavras de ordem contra a mídia, especialmente a Rede Globo, que na avaliação deles vinha tentando ignorar a greve.

Contra terceirização

O dia de luta nacional contra o Projeto de Lei 4.330/2004, em tramitação na Câmara dos Deputados, que regulamenta as atividades de terceirização no país, também foi tema abordado na audiência.

Representantes de entidades do professorado e deputados destacaram o risco que essa proposta traz às relações do trabalho, e mostraram receio de que no futuro até as escolas sejam terceirizadas, o que prejudicaria ainda mais a qualidade de ensino. Também foram feitas críticas às MPs 664 e 665, também consideradas lesivas aos trabalhadores.

Solidarizaram-se com os professores os deputados Professor Auriel, Marcos Martins, Márcia Lia, Teonílio Monteiro da Costa, o Barba, Luiz Fernando Teixeira, Luiz Turco, Enio Tatto e Geraldo Cruz, todos do PT; Atila Jacomussi (PCdoB) e Carlos Giannazi e Raul Marcelo (ambos do Psol).

Fonte: RBA