Liberdade de expressão é motivo de patrulha de ódio nas redes sociais

Segundo o dicionário, a liberdade de expressão é o direito de qualquer indivíduo manifestar livremente opiniões, ideias e pensamentos, sem a prática de qualquer crime que possa pôr em causa o direito do outro. No Brasil, tal direito foi reconquistado a duras penas recentemente, já que passamos 21 anos sob uma intervenção militar que calava milhares de vozes.

Por Laís Gouveia

Liberdade de expressão é motivo de patrulha de ódio nas redes sociais

Com o direito da liberdade de expressão relativamente restabelecido, digo relativamente pois a mídia hegemônica no país é controlada por poucas famílias que detêm os meios de comunicação e interesses políticos e classistas escusos estão sempre em primeiro lugar, as redes sociais ocuparam recentemente um lugar de destaque na divulgação de ações populares, denúncias e posicionamentos políticos que nunca teriam destaque em um Jornal Nacional.

Como tudo tem o seu lado positivo e negativo, vemos um novo fenômeno nas redes sociais. O patrulhamento do ódio. Durante as eleições presidenciais no ano passado, escrevi uma carta aberta a Aécio Neves, denunciando toda a sua gestão como governador que sucateou o estado de Minas Gerais e fazendo a defesa do voto a Dilma Rousseff. Em questão de horas, começou a perseguição. Fui ameaçada de morte, de estupro e vi montagens absurdas com fotos minhas.

Infelizmente, eu não sou a única a sofrer com a nova patrulha do ódio. Recentemente, a jovem militante da União da Juventude Socialista (UJS) Manuella, sofreu um verdadeiro linchamento com sérias ameaças de morte e ofensas por fazer a defesa do ex-presidente Lula e da democracia. Abismados com o conteúdo das ameaças e mostrando solidariedade à jovem, internautas criaram a página “Somos todos Manu” que já conta com quase 10 mil curtidas. Manu gravou um vídeo nesta quinta-feira (3), agradecendo o apoio e dizendo que a direita raivosa e fascista não impedirá a luta por mais avanços.

Olha o recado que a Manu mandou para a página. #SomosTodosManu

Posted by Somos Todos Manu on Quinta, 3 de setembro de 2015

A blogueira e ativista social Maria Frô recentemente sofreu ameaças de morte por fazer a defesa da democracia e do mandato de Dilma Rousseff. Em sua página no Facebook, um internauta disse que ia “encher a cabeça de Maria Frô de bala”. Maria Frô denunciou as ameaças à Policia Federal.


Tucano ameaça “cortar cabeça de Dilma”

O candidato a deputado estadual pelo PSDB Matheus Satler, derrotado nas últimas eleições, gravou um vídeo dizendo que se a presidenta não renunciasse ao seu cargo, ele cortaria a sua cabeça. “O sangue vai rolar”, disse o tucano.

O ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, abriu um inquérito na Polícia Federal para investigar as ameaças feitas por Matheus.

Quando a ameaça sai das redes sociais

O ator e humorista Gregório Duvivier foi agredido durante as eleições presidenciais por declarar voto a Dilma Rousseff. Em restaurante no Leblon, o humorista foi abordado por um homem que proferiu ofensas ao humorista. “Você é esquerda caviar”, “deveria era estar almoçando no bandejão junto com os pobres”, gritava o agressor.

Mecanismos tímidos de combate ao ódio nas redes

Como os mecanismos de punição aos que incitam o ódio ainda são frágeis, há uma intensa proliferação de ataques crescendo na internet. Com a sensação de blindagem, internautas se sentem à vontade para incitar a barbárie nas redes sociais.

A Polícia Federal criou uma página para receber denúncias de crimes de ódio na internet. O Portal Humaniza Redes, criado pelo governo federal, também possui um canal para receber esse tipo de crime.

Enquanto isso, a luta por tolerância, respeito e o combate à violência prossegue. Seja nas redes ou nas ruas, a incitação ao ódio é crime.