Colapso hídrico: Municípios em SP são obrigados a adotar racionamento
Os baixos níveis dos reservatórios têm levado cidades do interior paulista a adotar o racionamento de água. Pelo menos dez municípios do interior já estão com restrições na distribuição. Em Araras, onde vivem aproximadamente 119 mil pessoas, estão sendo feitos cortes no abastecimento duas vezes por semana. Parte da cidade fica sem água nas terças e quintas-feiras, a outra metade nas segundas e quartas-feiras.
Publicado 03/09/2015 13:01
Apesar da severidade do sistema adotado pela cidade, na verdade, o racionamento atual significa uma melhora no regime de fornecimento. Entre dezembro de 2014 e abril deste ano, o município chegou a conviver com o rodízio, alternando 12 horas com água, para 36 horas de torneiras secas. A partir do redirecionamento da captação, dando mais peso à retirada de água do Rio Mojiguaçu, que agora é responsável por 80% do abastecimento, foi possível abrandar o racionamento.
A situação é semelhante em Valinhos, na região metropolitana de Campinas, onde a interrupção do fornecimento é feita duas vezes por semana, desde junho. A cidade foi dividida em quatro áreas que se alternam nos cortes. Apenas no centro da cidade a situação é diferente, onde a interrupção é feita somente aos domingos.
Em outras cidades, a medida começou a ser implementada mais recentemente. Faz duas semanas que os cerca de 32 mil habitantes de Aguaí começaram a sofrer corte de água. O abastecimento é interrompido diariamente, das 8h às 15h, devido à seca que afetou o Rio Itupeva, responsável por fornecer água para o município.
Casa Branca, cerca de 230 quilômetros distante da capital paulista, adotou a interrupção no fornecimento na terça-feira da semana passada (25). Às terças e quintas-feiras, a água é cortada entre às 8h e às 16h. Um ida antes, na segunda-feira (24), Vargem Grande do Sul intensificou o racionamento. Desde o dia 7 de agosto a água era cortada das 12h às 17h. Agora, o fornecimento é interrompido às 19h, e só é reestabelecido às 9h do dia seguinte.
Em Saltinho, o fornecimento também está sendo cortado durante a noite. A água só está disponível das 8h às 20h. O racionamento começou no final de março. Em Américo Brasiliense, a medida é um pouco mais branda, afeta dez bairros, incluindo o centro. O corte acontece diariamente, das 13h às 16h.
Parte dos municípios vem racionando água desde o ano passado. Em Morro Agudo, há cerca de 550 quilômetros da capital, a interrupção ocorre todos os dias, das 13h às 16h. Na vizinha Orlândia, os cortes no fornecimento começaram em janeiro de 2014. Os 43,7 mil habitantes só tem água das 6h às 17h. Em São Sebastião da Gama, que vem alternando períodos com e sem racionamento, desde o início do ano passado, os moradores só têm água durante a noite.
Grande São Paulo
Em Mauá, estão sendo utilizados oito caminhões-pipa para garantir o abastecimento nas regiões mais altas da cidade. A Saneamento Básico do Município de Mauá compra água da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que tem reduzido o fornecimento. A meta da companhia estadual é que o consumo na região metropolitana de São Paulo seja reduzido em 30%.
Santo André vive em iminência da adoção do rodízio. Para evitar a implementação do sistema de racionamento escalonado, alternando dias com e sem água, a Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa) intensificou a campanha pelo uso racional da água. Mas a autarquia, que também compra água da Sabesp, avalia que o aumento do consumo verão pode fazer com que a medida seja inevitável.
Enquanto isso, Sabesp lucra com multas
A Sabesp informou na última segunda-feira (31), que os lucros gerados com as multas aplicadas no mês de julho bateram recordes. A sobretaxa de 50% na conta de água dos consumidores que não reduziram o uso da água com o colapso hídrico, começou a ser aplicada no mês de fevereiro deste ano. O lucro no mês de julho foi de R$ 54, 5 milhões. Em seis meses que a multa foi implementada, o lucro da estatal foi de 253,7 milhões de reais.