Golpe ameaça protagonismo do Brasil no mundo, dizem intelectuais

O Grupo de Reflexão em Relações Internacionais (GR-RI), que reúne dezenas de intelectuais, acadêmicos, diplomatas, fundações partidárias e lideranças de movimentos sociais da área de Relações Internacionais, emitiu nota rechaçando o processo de impeachment. "O que está ocorrendo é uma inaceitável tentativa de golpe que ameaça a estabilidade das instituições brasileiras e consequentemente o Estado democrático de direito no país", diz o texto.

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Classificando o o acolhimento da denúncia como um "ato claro de vingança" do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a  grupo avalia que a tentativa de afastar a presidenta, além de baseada em acusações inconsistentes, "coloca em risco a política externa ativa e altiva que tanto elevou o protagonismo internacional do país".

De acodo com a nota, "não se pode cassar o voto popular em razão do ressentimento dos derrotados nas últimas eleições e com base em acusações frágeis e insubstanciadas". Para os integrantes do grupo, "no plano externo o golpe nos faria retroceder à condição de uma república de bananas e apequenaria o Brasil aos olhos do mundo".

Confira a íntegra:

NOTA DE REPÚDIO

Os integrantes do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais, GR-RI, consideram totalmente inadequado e improcedente o pedido de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff e repudiam sua aceitação pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em ato claro de vingança política.

O que ele pretende com esta medida é tumultuar ainda mais o ambiente político nacional na tentativa de se proteger das punições por corrupção e improbidade que poderá receber do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Câmara dos Deputados. Cunha tentou chantagear o governo para protege-lo na Comissão de Ética da Câmara e ao não obter êxito, sua vingança foi dar início ao processo de impeachment.

Este instrumento serve para destituir governantes executivos de seus cargos devido a crimes graves e dolosos cometidos contra o país e sua ordem constitucional, e não para afastá-los em função de seus eventuais índices de popularidade. Em repúblicas presidencialistas como a nossa, não existe o voto de desconfiança que é usual em regimes parlamentaristas para substituir o primeiro ministro quando este perde a maioria. Não se pode cassar o voto popular em razão do ressentimento dos derrotados nas últimas eleições e com base em acusações frágeis e insubstanciadas.

Portanto, o que está ocorrendo é uma inaceitável tentativa de golpe que ameaça a estabilidade das instituições brasileiras e consequentemente o Estado democrático de direito no país. Que ameaça o Brasil e sua democracia.

Ademais, a tentativa de golpe coloca em risco a política externa ativa e altiva que tanto elevou o protagonismo internacional do país. Assim, no plano externo o golpe nos faria retroceder à condição de uma república de bananas e apequenaria o Brasil aos olhos do mundo.

É necessário que a cidadania se mobilize para impedí-lo.

Grupo de Reflexão em Relações Internacionais