A comunidade religiosa do Caldeirão, liderada pelo beato José Lourenço, descendente de negros alforriados e discípulo de Padre Cícero, ousou desafiar o poder do latifúndio e propor uma sociedade mais justa e humanitária, mas foi brutalmente reprimida pelas forças do estado.
Publicado 19/05/2017 16:56 | Editado 13/12/2019 03:29
O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, no município de Crato, Cariri Cearense, era composto por milhares de camponeses e romeiros que vivam na comunidade, trabalhavam coletivamente e dividiam o lucro com a compra de remédios e querosene.
Ela chegou a ter mais de mil moradores e recebeu flagelados da seca de 1932 que assolou o Nordeste.
A organização da comunidade incomodou os coronéis e latifundiários da região. Em 1937, acusados de comunistas, estes camponeses foram bombardeados pelas forças do Governo Federal e da Polícia Militar do Ceará e enterrados em vala comum.
O episódio pode ter sido o maior massacre da história brasileira, com mais de mil mortos.
Neste mês de maio de 2017 o massacre completa 80 anos e os corpos dos romeiros ainda não foram encontrados e não existe um documento oficial que registre o acontecimento. O exército nega a matança.
Indenização
Em 2008, a ONG cearense SOS Direitos Humanos entrou com um pedido na justiça pedindo a procura, identificação, enterro digno e indenização dos descendentes dos mortos no Caldeirão. A ação foi arquivada, mas a ONG pediu novas buscas à Justiça.