Guerra dos Seis Dias: 50 anos de ocupação da Palestina
A 5 de junho de 1967, o Estado sionista desencadeou a Guerra dos Seis Dias e ocupou a totalidade do território da Palestina histórica. Em comunicado, o MPPM sublinha o significado destes 50 anos de ocupação e reclama a independência da Palestina.
Publicado 05/06/2017 16:34

Recorrendo a pretextos inventados, como o do risco de extermínio do povo israelita – desmentido em 1971 por Mordechai Bentov, membro do Governo de Unidade Nacional em 1967 – ou o do risco iminente de um ataque por parte das tropas de Nasser, concentradas na Península do Sinai – desmentido em 1982 pelo primeiro-ministro Menachem Begin –, a 5 de junho de 1967, Israel desencadeou, "sob o olhar complacente das potências ocidentais, uma guerra contra os países árabes seus vizinhos, Egito, Síria e Jordânia" .
No texto hoje emitido, a propósito do 50.º aniversário da ocupação da Palestina, bem como dos Montes Golã, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Oriente Médio (MPPM) recorda que, "às primeiras horas da manhã [de dia 5, Israel] lançou um ataque de surpresa que destruiu no solo praticamente toda a aviação egípcia, prosseguindo nos dias seguintes uma agressão que conduziu à ocupação da Península do Sinai egípcia e de parte dos Montes Golã sírios".
Nesse momento, Israel concluiu ainda o que havia iniciado na guerra de 1948, ou seja, "a ocupação da totalidade do território da Palestina histórica (a antiga Palestina do Mandato)". Se, em 1948, "ocupara 78% do território (em vez dos 55% que lhe atribuía a resolução 181 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 1947)", em 1967 "ocupou os territórios restantes, que haviam ficado sob administração da Jordânia (Jerusalém Oriental e Margem Ocidental) e do Egito (Faixa de Gaza)".
50 anos depois, prossegue a ocupação
Violando a resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, de 1967, a ocupação prossegue nos dias de hoje. No caso dos Montes Golã, destaca o MPPM, essa ocupação "constituiu-se num fator permanente de tensão e conflito em toda a região", e foi agravada pela "guerra de ingerência lançada contra aquele país soberano pelos EUA e os seus aliados na região" – e "na qual Israel tem desempenhado um papel fundamental".
No caso da Palestina, a ocupação de 1967 gerou uma nova vaga de deslocados e refugiados, que se juntaram aos da Nakba, "a Catástrofe que foi para os palestinos a guerra de 1948", afirma o MPPM, acrescentando que a ocupação representou também: "humilhações cotidianas; roubos de terras e de recursos naturais, sobretudo água; repressão brutal, traduzida em mais de 850 mil presos; milhares de mortos, nomeadamente nas agressões de Israel contra a população da Faixa de Gaza, cercada desde 2006".
O documento destaca igualmente as consequências da construção do "vergonhoso Muro do Apartheid" para os palestinos – "o esbulho de mais terras, o arranque de árvores, a divisão de povoações dos seus campos de cultivo e a ocupação de mais 10% do seu território" – e a "sistemática colonização dos territórios ocupados".
De acordo com os dados da ONU, atualmente "570 mil colonos israelitas vivem em cerca de 130 colonatos e 100 postos avançados na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental ocupados", pese embora a IV Convenção de Genebra proibir a instalação de população da potência ocupante no território ocupado.
Outros aspectos da ocupação israelita que o MPPM salienta são a dificuldade ou mesmo a impossibilidade de deslocação dos palestinos na sua própria terra e a anexação de Jerusalém Oriental (não reconhecida internacionalmente), aliada a uma ativa política de "judaização" e de expulsão da sua população palestina.
Resistência e apelo
Nestes 50 anos, o povo palestino "tem resistido por todas as formas à ocupação, à repressão, às violências, mantendo bem viva a sua identidade nacional que o ocupante procurou obliterar, e prossegue hoje a sua luta heróica pela dignidade, pela liberdade, pela independência", salienta o MPPM.
Neste sentido, defende que "é tempo de a comunidade internacional, no respeito dos seus compromissos, plasmados em inúmeras resoluções da ONU, obrigar Israel a pôr fim à ocupação de todos os territórios ocupados em 1967".
"É tempo de se tornar realidade o Estado palestino independente, soberano, contíguo, viável, com capital em Jerusalém Oriental", conclui.