Para Cármen Lúcia e Dodge, sociedade é "patrimonialista e machista"
Durante seminário “Mulheres na Justiça”, organizado pela embaixada da França em Brasília, nesta quinta-feira (26), a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, afirmou que a "sociedade brasileira ainda é "patrimonialista, machista e muito preconceituosa" com as mulheres.
Publicado 26/10/2017 17:25

“Todos os poderes, por exemplo, de cargos públicos, Judiciário, Ministério Público ou mesmo a advocacia, são cargos que tiveram modelos segmentados socialmente para homens e pelos homens”, enfatizou Cármen Lúcia, destacando que essa cultura machista que predomina em diversos setores da nossa sociedade gera uma violência que provoca a morte física de muitas mulheres.
“Continua havendo mulheres mortas, e não mortas apenas pelos companheiros, mortas por uma sociedade que teima em não ver que a mulher não é a causadora do feminicídio, que é o assassinato recorrente da sua condição de ser mulher”, completou.
Para a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, que também participou do evento, a mulher ainda tem "um longo caminho a percorrer" na busca por igualdade entre homens e mulheres.
Ele citou como exemplo a divisão de tarefas domésticas. Segundo ela, quando a mulher "sair de casa e pedir que o marido cuide do jantar, ou que prepare o café da manhã, ou que compre fralda para os filhos não é um favor".
A procuradora disse ainda que é preciso pautar a defesa das mulheres na vida pública e a luta contra a violência doméstica na vida privada, e destacou o fato de a chefia do Ministério Público ser pela primeira vez comandada por uma mulher.
"Estamos discutindo quantas mulheres ocupam carreira jurídica. Na minha, um terço dos procuradores da República são mulheres. Foi preciso 41 procuradores-gerais para que surgisse uma procuradora-geral mulher", enfatizou.