Reflexos de uma crise
Em uma agenda turbulenta, propositalmente desorientadora, destaca-se a pauta econômica no cenário mundial e brasileiro. E ela conduz inevitavelmente à discussão sobre o futuro da política.
Publicado 01/03/2008 19:55
Existe uma evidente distância entre os assuntos abordados por setores da grande mídia, externa e nativa, e a maneira como reage a opinião pública.
Nos EUA, por exemplo, observa-se a ascensão de um candidato à presidência que ergue a bandeira da mudança, Barak Obama. Mas, Obama é conseqüência e não a causa do clima eleitoral existente nos EUA, em contraste com a crise econômica que sacode esse país.
Não há ilusões com a possibilidade de uma mudança profunda na política externa americana ou do seu papel imperial. Mesmo assim, as nações acompanham atentas ao desenrolar do enfrentamento político.
A natureza e os desdobramentos da crise financeira internacional têm provocado dor de cabeça em muitos analistas econômicos ortodoxos, com possíveis implicações na arena geopolítica mundial.
As nações mais afetadas serão as que investiram radicalmente na onda do neoliberalismo, em detrimento da importância estratégica do Estado e do aspecto social.
A China, Índia, Rússia e o Brasil apresentam fundamentos econômicos bastante positivos, enquanto o dólar encontra-se em queda, até o momento, por toda parte.
É possível afirmar que vivemos em um cenário incomum, onde as seqüelas da crise, originada nos Estados Unidos, estão atingindo mais os países ricos, favorecendo as principais nações em desenvolvimento.
Essa realidade econômica, que adquire enorme importância no contexto atual, foi relegada a segundo plano por parte dos analistas de política da grande mídia nacional.
Não perceberam, ou não quiseram enxergar, que o país persistia no caminho do desenvolvimento sustentável, gerando emprego, renda, robustecendo o mercado interno.
Minimizaram o valor desses indicadores de crescimento, definiram os programas sociais do governo como passageiros ou iníquos, subestimaram o julgamento crítico da opinião pública, basearam-se em suas próprias concepções.
Resultando, nessas questões, em uma dissociação entre o que escrevem e o que verdadeiramente pensa a grande maioria da população.