Filósofos e Políticos

Em uma matéria sobre as eleições nos EUA, escrita, se não me falha a memória, por José Tadeu Arantes, o autor cita a frase de Sócrates, “a busca desinteressada da sabedoria é incompatível com o jogo de interesses, que caracteriza a política”.

Ela é verdadeira em termos, porque o estudo ou ensino da filosofia dissociada da realidade social, dos conflitos econômicos ou políticos possui a sua beleza e importância mas a história dos homens produziu, igualmente, grandes pensadores e estadistas que imersos nos tempos em que viveram, deixaram-nos grandes ensinamentos teóricos e práticos.


 



Formular pensamentos sobre um período da vida da humanidade, “expondo a própria cabeça”, interagindo com as tempestades sociais, com os interesses de grupos ou pessoais, é algo muito mais complicado, bem mais espinhoso. Quem assim o faz, pode muito facilmente ser contaminado pelas paixões humanas. E nós estamos falando dos grandes personagens, cujos conceitos atravessam as épocas.


 


Poderíamos citar exemplos de homens, ou mulheres, do período contemporâneo, que interferiram diretamente no século vinte, chamado de século das tormentas, século das grandes transformações cientificas e tecnológicas, das revoluções libertadoras, de duas grandes guerras mundiais e genocídios vários.


 


 


Assim, iríamos de Marx a Mahatma Gandhi, conhecidos universalmente, inclusive nas escolas de segundo grau. Mas, chega-me à leitura, através do deputado Aldo Rebelo, parte dos Sermões do padre Antonio Vieira, nascido em Lisboa em 1608 e falecido em 1697 na Bahia. Escreveu mais de 200 sermões, 500 cartas e um livro, “História do Futuro”, cuja audácia continua motivo de assombro, diz-nos Aldo.


 



Pécora, estudioso de Vieira, sublinha que não há escrito do jesuíta que não seja político, e que ele exerceu a política. Fernando Pessoa, o grande poeta, proclama que Vieira foi um estudioso da língua, definindo-o como “imperador da língua portuguesa”.
De Vieira é a frase, “querem que aos Ministros do Evangelho pertença só a cura das almas, que a servidão, o cativeiro dos corpos seja dos Ministros do Estado. Isto é o que Herodes queria”. Na carta ao provincial do Maranhão, 1653, disse: “contra um povo furioso ninguém prevalece”. Padre Vieira foi um extraordinário filósofo, além de excepcional político.

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