Convergentes ou conflitantes?
Os investimentos do governo no Nordeste são direitos do povo, afirma a presidenta Dilma Rousseff, ao anunciar a ampliação de medidas emergenciais destinadas aos estados nordestinos que sofrem com uma das mais severas secas da história.
Publicado 04/04/2013 12:07
É preciso acelerar as etapas burocráticas na liberação dos recursos, pondera o governador Eduardo Campos. “Eu sei dos seus propósitos de querer agilizar. Se a gente não quebrar essa velha fórmula, a gente não vai garantir o conteúdo que nos reúne nessa mesa”.
O diálogo, através de discursos proferidos por ambos na 17ª reunião ordinária do Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em Fortaleza, diz respeito a compromissos de ambos com povo da região.
Falas não necessariamente conflitantes, antes se cruzam e convergem. Salvo se quem as ouve opta por valorizar nuances que, sublinhadas ao excesso, permitem encontrar chifre em cabeça de cavalo.
E há sim, muita gente com essa predisposição na razão direta em que torce para que se concretize a cizânia no bloco de forças que governa o País, tendo na hipotética (por enquanto) candidatura de Eduardo Campos a brecha por onde a oposição – carente de propostas, de discurso e de candidato competitivo -, encontre a brecha por onde possa respirar.
Ocorre que há tempo político pela frente, mediado por um conjunto de fatores – entre os quais o desempenho da economia – para que o desenho do pleito presidencial se configure.
Demais, não se pode julgar a priori que o PSB esteja determinado a se afastar da coalizão governista, tampouco que o ingresso do governador de Pernambuco no rol dos candidatos venha a dar o fôlego que a oposição espera. Há divergências de fundo entre socialistas e tucanos; e Eduardo jamais se pronunciou contra a essência dos rumos adotados pelo governo, restringindo-se a reclamos sobre os índices econômicos e, setorialmente, sobre certas medidas, como a desoneração fiscal temporária para setores da indústria e suas repercussões sobre o FPE e o FPM.
Em outras palavras, na hora da disputa propriamente dita, os campos estarão claramente delimitados.
Por hora, quem não se deixa pautar pelo consórcio grande mídia/partidos de oposição, tem mesmo é que colocar na ordem do dia o debate de fundo em torno do projeto de desenvolvimento do País.
Por exemplo, quando se questiona o alcance limitado das medidas emergenciais do governo para socorrer as áreas assoladas pela seca, com boa dose de razão, há que se introduzir a discussão das reformas estruturais necessárias a destravar plenamente o desenvolvimento com inclusão social, distribuição de renda e sustentabilidade ambiental. Fora disso, é se assustar com manchetes e notas plantadas em colunas de jornal.