As minas de ouro que os tucanos esperavam e que podem não vingar
Há cerca de três meses atrás, quando a candidatura de Aécio Neves de fato se consolidou dentro do PSDB, houve quem soltasse rojões acreditando ser possível levar a disputa eleitoral contra a presidenta Dilma para o segundo turno facilmente.
Publicado 13/08/2014 09:41
Neto de Tancredo Neves, família influente, discurso sobre resgate da ética na política, duas vezes governador do segundo maior estado da União em termos de eleitores, apoio do prefeito de Belo Horizonte, do governador de Minas Gerais, de atores globais e estrelas do esporte…
Entretanto, com o desenrolar dos fatos, o que seria ser a saída para a oposição, parece se tornar cada vez mais um tiro no pé: escândalos e mais escândalos sobre aeroportos clandestinos (sem aval da ANAC) em duas pequenas cidades do interior mineiro quando Aécio era governador, sendo que em uma delas (na cidade de Cláudio) os portões ficavam fechados, a chave com os parentes do candidato, outro aeroporto que foi pago pelo dinheiro público na cidade de Itabira e que nunca saiu do papel, e, para completar, foi descoberto um local próximo ao aeroporto de Cláudio com indícios de pasta base de cocaína.
Para quem participa dos movimentos sociais de Minas Gerais, este tipo de coisa não é novidade, mas para a maior parte dos mineiros sim, afinal de contas no estado em que foi berço da Inconfidência Mineira não se respira liberdade, manchetes prontas, jornalistas perseguidos ou demitidos, jornais fechados e censura são algo que a família Neves e o PSDB faz há muito tempo com os mineiros.
E foi neste ponto que os tucanos de Minas cometeram seu maior erro: achar que o Brasil inteiro é um estado, onde uma família pode mandar e desmandar e todos os absurdos tucanos e do seu candidato mauricinho iriam ser varridos para debaixo do tapete. Ledo engano…Se o plano original peessedebista era sair de Minas Gerais com uma vantagem em torno de 4 milhões de votos a frente de Dilma, este plano começa a afundar, assim como a reputação de “Aecinho”.
Pesquisa Datatempo divulgada na segunda semana de Agosto mostra que a diferença do menino do Rio para a presidenta caiu de 45% a 29,1% em junho (15,9 pontos percentuais) para 41,2% a 33,8% (7,4 pontos). Para piorar a situação dos neoliberais, nesta mesma pesquisa, quando o eleitor é abordado de forma espontânea, Dilma vence Aécio: 28,2% contra 26,3%; o número de indecisos diminuiu para apenas 8,3% dos entrevistados e a avaliação do governo federal melhorou: o número que indica o governo Dilma como “muito bom” cresceu de 12,4% (junho) para 16,4%. E o “bom” foi de 15,1% para 15,6%. A avaliação “muito ruim” caiu de 25,3% para 22,3% e “ruim” passou de 14,2% para 14,4%.
Além destes números desfavoráveis, a situação de Aécio e sua turma fica pior ainda se levarmos em conta mais dois fatores: a campanha de televisão ainda não começou e Dilma tem mais que o dobro de tempo do candidato mineiro para expor suas ideias aos eleitores e a péssima entrevista dada pelo candidato ao Jornal Nacional da Globo, onde (infelizmente) muitos brasileiros e brasileiras assistem diariamente.
Ao desviar das principais perguntas, não respondendo sobre o aeroporto de Cláudio, o apoio de Eduardo Azeredo condenado no chamado “mensalão mineiro”, expondo dados equivocados sobre o governo federal, Aécio parece ter começado a sepultar seu próximo túmulo, afinal de contas conseguiu até o que parecia impossível: tirar o entrevistador global do sério com sua falta de respostas claras e objetivas às perguntas.
Evidentemente que ainda faltam aproximadamente um mês e meio para a eleição, mas parece estar ficando claras duas coisas: a primeira é que Serra, apesar da alta rejeição, seria um candidato muito mais preparado e competitivo dentro do projeto do PSDB; outro, é que se Eduardo Campos tivesse mais exposição e tempo de TV, poderia vencer Aécio e levar a disputa para o segundo turno.
Para os que defendem e acreditam no projeto encabeçado por Lula e Dilma, isso não deixa de ser uma boa notícia, pois vencer um adversário que era para ser o ícone da oposição e está se transformando em um ícone fanfarrão, dará bem menos trabalho que o esperado.
Se estas previsões irão se concretizar eu não sei, mas se o barco seguir o rumo que segue, dificilmente o resultado será diferente do exposto…Quem viver, verá…