Consciência contra o golpe
Em sua coluna na “Folha de S. Paulo”, edição da última segunda-feira, a jornalista Mônica Bergamo relata: “A página ‘Dilma Bolada’, que voltou a defender a presidente sob a ameaça de impeachment, teve aumento de 300% no número de seguidores e de 400% no alcance no Facebook com as postagens a favor da petista nos últimos dias.
Publicado 08/12/2015 17:36
O criador, Jeferson Monteiro, rompeu com o governo em setembro, mas agora afirma ser preciso ‘zelar pela democracia’. ‘Parece que as pessoas ficaram mais motivadas em torno da defesa do mandato’, diz ele.
A notícia é realmente alvissareira e aponta para o alentador robustecimento de uma consciência pública contra o golpe do “impeachment”, em defesa da legalidade democrática. Uma consciência que vem crescendo não apenas entre as expressões mais qualificadas da inteligência brasileira, como também em meio às pessoas comuns, como atesta o incremento de seguidores da página “Dilma Bolada”. Quanto mais cresça tal convencimento, menos possibilidade terá a direita que arma a trama antidemocrática.
A despeito do alinhamento da grande mídia brasileira à conspiração golpista, é possível – e necessário – difundir informações a respeito da real natureza do que se passa no Brasil de hoje. As redes sociais, os eventos e iniciativas de partidos, sindicatos, entidades da sociedade civil são essenciais para fazer chegar ao povo a substância da resistência. Revendo, dias atrás, o belo filme “Jango”, de Silvio Tendler, assisti Leonel Brizola falar sobre o movimento de 1961, que ele dirigiu no Rio Grande após a renúncia de Jânio Quadros, contra o golpe que tentava impedir a posse do vice João Goulart. Foi um movimento radical, com cidadãos armados e barricadas nas ruas. “Ganhamos aquela luta essencialmente como uma batalha de opinião pública”, disse Brizola.
O então governador gaúcho mobilizou uma cadeia nacional de emissoras de rádio, a Rede da Legalidade, que levou a todo o Brasil a mensagem legalista. Hoje em dia tudo é muito diverso, mas não custa pensar que redes sociais e modernos veículos de transmissão de informações podem e devem ser usados para disseminar a resistência democrática, que assumam um caráter mobilizador e organizador. Assim, tendo nas ruas o esteio fundamental da batalha contra o impeachment, será possível pressionar aqueles a quem caberá, no final das contas, decidir o desfecho da situação: os parlamentares.
Não é por menos que o PCdoB veiculou uma firme convocação aos brasileiros e brasileiras: “É hora da mobilização das forças progressistas, dos partidos de esquerda, das centrais sindicais, das entidades dos estudantes universitários e secundaristas, das mulheres, da Frente Brasil Popular, da Frente Povo Sem Medo, de toda a constelação de movimentos sociais. Das manifestações de rua, grandes e pequenas, da rede da legalidade Golpe Nunca Mais, do diálogo convincente nas redes sociais, da inteligência, coragem, criatividade, talento. Todos pela democracia!”.