Unidade de ação dos comunistas é destaque em encontro internacional 

A reunião do Grupo de Trabalho do Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO) realizada em Istambul, nos últimos dias 20 e 21 de fevereiro, sob os auspícios do Partido Comunista, Turquia, traz importantes novidades e ensinamentos, que a Direção do nosso Partido tem o dever de compartilhar com seus militantes e quadros.

Uma reunião representativa, em que estavam presentes o Partido Comunista, Turquia (anfitrião); o Partido Comunista da África do Sul; o Partido do Trabalho da Bélgica o PC da Boêmia e Morávia (República Checa); o Partido Comunista do Brasil; o Partido Progressista do Povo Trabalhador (Akel, do Chipre); o Partido Comunista de Cuba; o Partido Comunista da Grécia, o Partido Comunista do Líbano; o Partido Comunista da Índia, o Partido Comunista da Índia (Marxista); o Partido Comunista Português e o Partido Comunista do Vietnã.

A principal novidade é a decisão de realizar o 18º Encontro de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO) no Vietnã. Pela primeira vez, desde que este encontro iniciou sua série, será sediado em um país socialista.

O tema permite, pela sua abrangência, a abordagem de problemas ideológicos e políticos, estratégicos, táticos, organizativos e de ação: “A crise do capitalismo e a ofensiva imperialista – estratégia e táticas dos Partidos Comunistas e Operários na luta pela paz, pelos direitos dos trabalhadores e povos, pelo socialismo”.

Na generalidade dos países capitalistas, agravam-se os problemas econômicos e sociais gerados pela crise estrutural e sistêmica, com efeitos devastadores para os países que aspiram ao desenvolvimento nacional soberano e as massas trabalhadoras. Neste ambiente, as políticas econômicas neoliberais, conservadoras e neocolonialistas são recorrentemente aplicadas indistintamente pelos governos. Em determinados países, onde forças progressistas se encontram no poder, reina a confusão e as equipes governamentais tendem a ceder ao receituário neoliberal e conservador. Perigosamente, deixam-se abater pela pressão, passando a aplicar sem crítica nem resistência medidas antissociais e antinacionais. No Brasil, para citar um exemplo flagrante, dois grandes partidos de centro-direita, um formalmente membro da coalizão governamental, outro chefe de fila da oposição, aliam-se no Senado para matar o caráter nacional da exploração do pré-sal, agindo em nome de interesses das grandes corporações petroleiras estrangeiras. Para tocar o dia-a-dia, o governo muda de ministro e equipe econômica mas na essência continua a pôr em prática uma agenda e medidas que podem conduzir o país ao desastre. No exterior, há sobre o Brasil um sincero sentimento de solidariedade mesclado com perplexidade sobre o desenvolvimento do quadro político e econômico no país. Assim, nada mais oportuno do que pôr em discussão entre os comunistas a crise do capitalismo, que afinal é o pano de fundo dos dramas que vivemos por aqui.

No cenário internacional, a ofensiva do imperialismo, cada vez mais brutal, demanda dos comunistas uma análise concreta e a elaboração de estratégias e táticas condizentes com as características da época. O militarismo, a eclosão de guerras de agressão e as intervenções de variados tipos por parte das grandes potências, as ameaças à paz mundial, a violação do direito internacional, o ataque à soberania nacional e aos direitos dos povos são traços salientes da conjuntura. Em tal cenário, não há lugar para ilusões ou platitudes. A necessária busca de saídas táticas exequíveis não pode levar os comunistas à tomada de posições ingênuas ou a deixar-se levar pelo espontaneísmo. Não nos perdemos em avaliações equívocas nem nos satisfazemos com uma abordagem idílica do desenvolvimento da situação política do mundo contemporâneo. Somos conscientes de que, no quadro de uma crise sistêmica multidimensional para a qual o capitalismo não é capaz de oferecer saídas efetivas, tornam-se cada vez mais intensas as ações das classes dominantes contra os trabalhadores, os povos e as nações, que veem seus direitos e a soberania nacional ameaçados.

A realização do 18º EIPCO, no último trimestre do ano em curso no Vietnã, pode, assim, dar uma contribuição ao desenvolvimento de um pensamento estratégico e tático justo e ativar num patamar elevado a solidariedade internacionalista. Há fenômenos em curso que demandam nossa atenção e ação comum: o apoio às lutas da classe trabalhadora; a solidariedade aos comunistas da Ucrânia, vítimas da perseguição anticomunista; a defesa das liberdades democráticas contra o fascismo, o racismo e o militarismo; a defesa dos direitos dos migrantes e de outras pessoas alvos de discriminações; as atividades contra a Otan, as armas nucleares e as bases militares estrangerias; a solidariedade aos povos palestino, sírio, saarauí e outros povos ameaçados pelo imperialismo; a luta pelo fim do bloqueio dos EUA a Cuba; a solidariedade com a Venezuela e todos os povos latino-americanos em luta para preservar e desenvolver as conquistas alcançadas pelos governos progressistas; e a solidariedade com todas as forças do mundo com posições progressistas e anti-imperialistas; o apoio às iniciativas pela paz na Península Coreana, o que requer o combate à agressividade dos Estados Unidos e seus títeres.

Nesse quadro, valorizamos como demonstração de maturidade e um gesto construtivo de unidade na ação a aprovação na reunião do GT do EIPCO em Istambul de uma declaração em solidariedade ao povo sírio, em que se condena em termos veementes a agressão imperialista à Síria e se brinda apoio à heroica resistência do país árabe.

Fonte: Blog do José Reinaldo 

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