Governador censura material escolar que ensina direitos humanos

A UBM SP e a FMP repudiam em nota o autoritarismo e a intolerância do governador do Estado de SP.

Leia na íntegra

DÓRIA CENSURA MATERIAL ESCOLAR

Na esteira dos ataques que a educação pública vem sofrendo com corte brutal de verbas, cerceamento do pensamento e da pesquisa, perseguição às universidades e estrangulamento da educação básica, o governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), postou uma rede social mensagem com críticas a um material didático de ciências voltado a alunos da 8º ano do ensino fundamental, elaborada por quadros técnicos da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica, da Secretaria Estadual de Educação. 

 
O texto foi censurado pelo governador — que não possui nenhuma formação em educação nem consultou qualquer conselho para adotar tal medida — vetou uma cartilha porque trazia o tema “diversidade de manifestações e expressões da identidade humana”, e que trabalho questões fundamentais, como identidade de gênero. As diferentes identidades de gênero são conhecimento reconhecidamente científico, pesquisado em todas as universidades sérias do mundo, que não pode ser negado aos estudantes baseado em uma minoria de fundamentalistas religiosos, que interpretam a Bíblia de acordo com sua conveniência e querem impor sua visão de mundo ao conjunto da sociedade.
Conhecer criticamente a realidade que os cercam é um direito de todo estudante, assim como ser respeitado por ser quem é, independentemente do gênero com o qual a pessoa se identifica, é um direito humano. No país que mais assassina pessoas transgêneros — por razões de gênero! — e um dos mais violentos com a população de lésbicas, gays, bissexuais e trans do mundo, é uma irresponsabilidade vetar um material didático que apenas ensinava a tolerância com o são diferentes e promovia uma cultura de paz. 
 
Entretanto, mais uma vez, Dória mostrou sua intolerância e autoritarismo. Por isso, as mulheres paulistas, como vítimas diárias das violências que o machismo causa, não aceitamos que os alunos da rede estadual de São Paulo sejam tolhidos no acesso ao conhecimento integral a que têm direito: é necessário que se debatam conteúdos relativos a gênero e identidades nas escolas! Uma sociedade livre de ignorância e preconceito é direito de todas e todos nós!