Centrais sindicais cogitam cancelar manifestação devido ao coronavírus
CTB se soma à posição defendida desde o dia 12 por Força Sindical, UGT, CSB e NCST
Publicado 13/03/2020 10:56 | Editado 13/03/2020 12:44

Em reunião realizada nesta quinta-feira (12), as centrais sindicais Força Sindical, UGT, CSB e NCST propuseram cancelar as manifestações de rua do dia 18 de março devido à orientação da OMS de evitar aglomerações dado o avanço do coronavírus. Manterão, porém, as ações nos locais de trabalho.
Pelo Twitter a Força Sindical afirmou que, embora tenha decidido suspender as manifestações, não vai deixar de “lutar bravamente pela defesa do serviço público, do emprego, dos direitos sociais e da democracia” e que continuará “denunciando as mazelas promovidas pelo governo Bolsonaro, que tem dilapidado a economia do país, como ficou demonstrado no vergonhoso PIB de 1,1%”.
A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) decidiu nesta sexta (13) pela “suspensão das manifestações convocadas para os grandes centros das principais capitais do país” e pelo “apoio às paralisações em defesa dos Serviços Públicos, Educação, Emprego, Direitos, Saneamento e Democracia”, somando-se, desta forma, às centrais que defendem o cancelamento das manifestações de rua.
Para a UGT, que é favorável ao cancelamento, conforme disse Ricardo Patah, presidente da entidade, à Folha de S.Paulo, a preocupação é que “os trabalhadores e trabalhadoras são os mais vulneráveis por não terem assistência médica, diferente da classe média, que está coberta”.
A CUT, por outro lado, em nota divulgada nesta quinta-feira (12), afirmou que “mantém todas as atividades, manifestações e paralisações propostas para defender os direitos da classe trabalhadora, os serviços e as políticas públicas marcadas para a próxima quarta-feira, dia 18 de março”.
No movimento estudantil, o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, disse pelo Twitter que a entidade não pode “ficar a reboque das mobilizações do dia 15 que Bolsonaro provavelmente vai desmobilizar. Temos que mostrar responsabilidade com a saúde do nosso povo”.
Os protestos do dia 18 visam reivindicar a suspensão das discussões de medidas que prejudicam o emprego e atacam a democracia, os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras no Congresso Nacional, como a Medida Provisória 905/2019 (a MP da Carteira Verde e Amarela) e denunciar o desmonte dos serviços públicos de saúde, educação, a privatização das estatais.
143 casos confirmados
O Brasil registrou ao menos 143 casos confirmados de Covid-19, segundo informações do G1 na manhã desta sexta – número atualizado a partir de balanços divulgados pelas secretarias estaduais de Saúde e pelo Hospital Albert Einstein. O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirmou ao jornal Valor Econômico que ainda não há consenso entre as centrais sobre a manutenção dos protestos na rua no dia 18. Porém, os sindicalistas pretendem fazer atos nos locais de trabalho. “Não temos o direito de colocar em risco o trabalhador”, disse.
Já o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, afirmou que as centrais sindicais estão preocupadas com os impactos econômicos e sociais da pandemia. “Medidas individuais e coletivas têm que ser tomadas, mas essas medidas precisam ser discutidas com a classe trabalhadora e com as centrais sindicais.”
Na reunião do dia 12, as centrais CUT, Força Sindical, CTB, NCST, UGT, CGTB, CSB, CSP – Conlutas e Intersindical emitiram uma nota unitária na qual destacaram a necessidade de ações coletivas de prevenção à propagação do vírus. A nota, entretanto, não fala sobre o cancelamento das manifestações.
Fonte: Rádio Peão Brasil