Lições da vitória contra o nazifascismo para derrotar Bolsonaro
Ao relembrar os 75 anos da vitória contra o nazifascismo, na Segunda Guerra Mundial, é possível fazer um paralelo entre […]
Publicado 08/05/2020 21:23

Ao relembrar os 75 anos da vitória contra o nazifascismo, na Segunda Guerra Mundial, é possível fazer um paralelo entre aquela conjuntura e situação mundo hoje. Como naquele tempo, o capitalismo passa por uma grande crise, criando um ambiente propício ao reaparecimento de ideologias e forças políticas com o mesmo matiz de extrema direita.
As circunstâncias que levaram os nazifascistas ao poder na Europa surgiram da mais profunda crise capitalista, que teve seu pico em 1929 com a quebra da Bolsa de Nova Iorque. Ali o mundo mergulhou numa depressão sinistra, com resultados sociais que proporcionaram à extrema direita elementos para a formação do projeto político que ensanguentou o mundo.
A assinatura da rendição da Alemanha nazista na virada de 8 para 9 de maio de 1945 representou a vitória das forças democráticas e progressistas, com grande participação dos comunistas, sobretudo do Exército Vermelho da União Soviética. E com ela o ingresso do mundo numa era de importantes conquistas econômicas e socias. Sem essa vitória, é possível dizer que a humanidade teria mergulhado numa fase de barbárie generalizada.
A comemoração desse importante feito da humanidade em 2020 traz também apreensões. O mundo vive outro pico da crise do capitalismo, iniciado em 2007-2008, sem fim a vista, com o agravante da pandemia do coronavírus, a mais grave crise sanitária em pelo menos um século. Além da imensa perda de vidas, a economia mundial já passa por um declínio de dimensões incalculáveis, prenúncio de mais uma grande depressão.
Com o agravamento da crise, que já vinha se manifestando intensamente desde meados da década de 1970, a extrema direita voltou a se projetar como força política relevante, ressuscitando ideologias que pareciam sepultadas no passado. Por toda parte, surgiram e cresceram forças autoritárias, neofascistas, anunciando as mesmas soluções demagógicas e fazendo as mesmas ameaças à civilização.
Elas estão nos Estados Unidos com a eleição de Donald Trump para presidente da República, na Europa com a formação de governos que contam com participação da extrema direita e nos parlamentos – na Alemanha, pela primeira vez os neonazistas recuperaram espaço parlamentar desde a queda do nazismo –, e no Brasil, lideradas pelo presidente Jair Bolsonaro. A crise econômica – e consequentemente política – levou essa ideologia ao poder pela via do voto popular.
Os ensinamentos da vitória de 1945 têm grande relevância na atualidade. Lá, formou-se uma ampla coalização, uma soma gigantesca de forças para isolar e derrotar o nazifascismo. Formou-se uma frente consistente em defesa da democracia, da liberdade e dos direitos dos povos, que possibilitou a compreensão mais aprofundada sobre a importância dos valores da civilização.
A passagem dessa data serve à reflexão e chama a atenção para as lições que impuseram a derrota ao nazifascismo. Mais uma vez, a soma de forças democráticas, de diferentes matizes, se apresenta como saída para conter o crescimento do autoritarismo e do neofascismo. No Brasil, com o avanço de Bolsonaro sobre as instituições democráticas, essa união de força é urgente.