Trabalhadores paralisam 36 portos da Costa Leste dos EUA
Às vésperas das eleições, movimento dos trabalhadores afeta desembaraço de metade do comércio externo do país. Sindicatos exigem reajuste salarial.
Publicado 01/10/2024 17:25 | Editado 02/10/2024 15:35

Trabalhadores portuários da costa leste e do Golfo do Estados Unidos entraram em greve nesta terça (1) parando os serviços em ao menos 36 portos. A paralisação interrompe o fluxo de importações e exportações do país e pode se tornar a greve mais perturbadora em décadas.
O movimento pode repercutir na maior economia do mundo e causar turbulência política a poucas semanas da eleição presidencial.
Os 36 portos afetados têm a capacidade combinada de lidar com até metade de todo o volume de comércio dos EUA, e as paralisações interrompem imediatamente as operações de contêineres e embarques de automóveis. Suprimentos de energia e cargas a granel não serão diretamente afetados. Algumas exceções serão feitas para permitir o movimento de bens militares e navios de cruzeiro.
Segundo analistas, custará cerca de US$ 5 bilhões (R$ 27,32 bilhões) por dia à economia, e deve dar gás à inflação dos produtos.
O sindicato ILA (Associação Internacional dos Estivadores, na sigla em inglês), que representa 45 mil trabalhadores portuários, estava negociando com o grupo patronal USMX (Aliança Marítima dos Estados Unidos, na sigla em inglês) um novo contrato de seis anos antes do prazo final de 30 de setembro à meia-noite.
A ILA disse em um comunicado nesta terça-feira que fechou todos os portos do Maine ao Texas às 0h01 (horário local) e rejeitou a proposta final da USMX feita na segunda-feira (30), acrescentando que a oferta ficou “muito aquém das exigências de seus membros para ratificar um novo contrato”.
O líder da ILA, Harold Daggett, disse que os empregadores não têm oferecido aumentos salariais adequados ou não concordaram com as exigências de interromper os projetos de automação portuária. A USMX informou em um comunicado na segunda-feira que havia oferecido um aumento salarial de quase 50%, acima de uma proposta anterior.
“Estamos preparados para lutar pelo tempo que for necessário, para permanecer em greve pelo tempo que for preciso, para obter os salários e as proteções contra a automação que nossos membros merecem”, disse Daggett nesta terça-feira.
“O USMX é o dono dessa greve agora. Agora eles precisam atender às nossas exigências para que a greve termine.”
Os trabalhadores portuários são apenas o mais recente grupo sindicalizado a apoiar suas demandas por melhores contratos ao interromperem o trabalho, demonstrando seu valor tanto para a economia nacional quanto para o resultado financeiro de seus empregadores.
Sindicatos representando trabalhadores automotivos, atores, camareiras de hotel e montadores de aeronaves também convocaram greves nos últimos meses. Os membros dos sindicatos argumentaram que fizeram os sacrifícios exigidos por suas empresas durante a pandemia e períodos econômicos difíceis, e agora é hora de compensar, especialmente após vários anos de inflação elevada.
Entre 2022 e 2023, o número de paralisações aumentou 9%, com um total de 466 greves e quatro lockouts, de acordo com números fornecidos pela Escola de Relações Industriais e Trabalhistas da Universidade Cornell. No entanto, o número de trabalhadores envolvidos em paralisações, aproximadamente 539 mil, foi mais que o dobro do ano anterior, segundo a pesquisa da universidade.