Trump impõe tarifa de 18% ao etanol brasileiro e amplia guerra comercial
Casa Branca adota nova barreira contra exportações do Brasil. Governo Lula busca reação diplomática enquanto setor sucroalcooleiro alerta para impactos na economia e no clima
Publicado 14/02/2025 14:23 | Editado 14/02/2025 15:04

A Casa Branca anunciou nesta quinta-feira (13) uma nova rodada de tarifas de importação, incluindo uma alíquota de 18% sobre o etanol brasileiro. A medida integra a estratégia do presidente Donald Trump de aplicar “tarifas recíprocas” contra países que, segundo ele, impõem barreiras injustas a produtos norte-americanos.
O Brasil, um dos principais fornecedores do biocombustível para os EUA, foi o primeiro alvo da lista divulgada pelo governo.
De acordo com memorando distribuído pela Casa Branca, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol brasileiro em 2024, enquanto suas exportações para o Brasil somaram apenas US$ 52 milhões.
Trump justificou a decisão alegando que “os países precisam pagar o mesmo que cobram dos EUA”, e que está apenas “equilibrando o jogo”. A medida também afeta setores da Índia e da União Europeia, como os de produtos agrícolas e veículos.
A nova taxacão se soma às tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio brasileiro, já anunciadas na primeira semana do novo governo Trump. A diplomacia brasileira vinha buscando negociar uma flexibilização dessas tarifas, mas a inclusão do etanol na lista indica que Washington está ampliando sua ofensiva comercial contra o Brasil.
O governo Lula ainda não anunciou medidas de retaliação, mas a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicou que avalia cenários para uma possível resposta.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, declarou que “o Brasil não é um problema para os EUA” e destacou que os americanos mantêm superávit na balança comercial bilateral.
O setor sucroalcooleiro brasileiro reagiu com preocupação às novas tarifas. Em nota, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) criticou a decisão de Trump e alertou para o impacto na transição energética global.
“A medida pretende colocar no mesmo patamar o etanol produzido no Brasil e nos Estados Unidos, embora possuam atributos ambientais e potencial de descarbonização diferentes. Não faz sentido falar em reciprocidade”, afirmou a entidade.
O Brasil cobra 18% de tarifa sobre o etanol importado dos EUA, uma medida adotada no governo Lula após a isenção concedida por Jair Bolsonaro em 2022. Por outro lado, produtos brasileiros como o açúcar enfrentam barreiras tarifárias de até 100% no mercado norte-americano. A assimetria nas tarifas é apontada como um dos principais pontos de tensão na relação comercial entre os dois países.
Com o prazo de aplicação das novas tarifas ainda em aberto, o Brasil busca alternativas para negociar com os EUA antes da entrada em vigor das medidas. No entanto, a estratégia de Trump de impor sanções antes de abrir espaço para o diálogo complica as perspectivas para um acordo benéfico ao Brasil.