Websérie “Andorinha” revela bastidores do legado de Abdias Nascimento
Série, que estreia no YouTube nesta segunda (16), mostra esforço coletivo na preservação da memória de um dos maiores ativistas da cultura negra no Brasil
Publicado 16/06/2025 12:23 | Editado 16/06/2025 13:02

A partir desta segunda-feira (16), o público poderá acompanhar os bastidores da preservação de um dos maiores legados da cultura negra do Brasil com o lançamento da websérie “Andorinha”, produzida pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro). A iniciativa é um mergulho na memória e no trabalho de conservação do acervo de Abdias Nascimento, poeta, dramaturgo, artista plástico, ativista pan-africano e referência política e acadêmica.
Com sete episódios, a série traz depoimentos de pesquisadores, artistas e técnicos, detalhando os desafios e conquistas da gestão desse patrimônio reconhecido pela Unesco. “Reunimos as vozes de pesquisadores, artistas e técnicos, destacando os desafios e as conquistas envolvidas na gestão desse valioso patrimônio”, afirmou o Ipeafro.
O nome “Andorinha” foi escolhido para simbolizar o espírito coletivo. “O voo sincronizado das andorinhas representa nossa atuação em rede para manter viva a memória de Abdias”, explicou a equipe.
O acervo, que conta com cerca de 3.500 livros, 600 obras artísticas e 20 mil imagens, inclui documentos históricos de iniciativas como o Teatro Experimental do Negro (TEN) e o Museu de Arte Negra. A série também documenta a reorganização de obras que integraram a exposição no Museu Inhotim (MG), parte do Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, entre 2021 e 2024. (Observe algumas de obras abaixo)



Além de apresentar os processos técnicos de conservação, a websérie faz parte de uma nova fase de gestão do legado de Abdias, conectando instituições públicas e representantes da sociedade civil através do programa Memória, Patrimônio e Reparação, realizado em parceria com a Fundação Casa de Rui Barbosa.
Elisa Larkin Nascimento, presidente do Ipeafro e viúva de Abdias, relembra momentos marcantes, como o exílio nos EUA durante o AI-5 e a criação, em 1955, do polêmico concurso artístico sobre o Cristo Negro, que mobilizou mais de 120 artistas em resposta à resistência da Igreja e da imprensa da época.
“O Abdias como ser político e cultural nunca se apresentava sozinho, representava toda uma história, uma ancestralidade e uma luta coletiva”, afirmou Elisa. Segundo ela, a websérie pretende ampliar o alcance dessa história. “Não fala só do Ipeafro, nem só do Abdias. Fala da coletividade da população negra.”
O primeiro episódio estará disponível no canal do Ipeafro no YouTube, marcando também os 41 anos de fundação do instituto. Novos episódios serão lançados sempre às segundas-feiras.
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com agências