2008 x 2009

O ano de 2008 se encerra, no fundamental, com um saldo positivo para as forças progressistas mundo afora, apesar da tragédia a que está submetido o povo palestino há meio século e recentemente recrudescida pela invasão de Gaza pelo exército israelense.

No mundo inteiro e na América Latina em particular a eleição de governos progressistas expressa um amplo sentimento mudancista, freando e em certa medida revertendo à onda conservadora neoliberal que tomou conta do planeta na década de 90.



Na América do Sul, especialmente, essas mudanças alcançaram o Uruguai, Argentina, Paraguai, Brasil, Bolívia, Equador e Venezuela, com diferentes graus de alteração na correlação de forças desses países. Apenas o Peru e a Colômbia ficaram ausentes desse movimento mudancista.



Nem mesmo os Estados Unidos, um país extremamente conservador, ficou incólume a estas mudanças. A eleição de um negro como presidente equivale, para eles, a um processo quase revolucionário.



A resistência do povo iraquiano certamente foi muito além do que previa Bush e seu exército de mercenários. O que parecia uma vitória fácil se transformou numa humilhante derrota sob todos os aspectos. Hoje os Estados Unidos não discutem mais como vencer, mas sim como encontrar uma “saída honrosa” para a inadiável retirada de suas tropas. O Iraque e Afeganistão são os novos Vietnam do século 21.



Os ventos de liberdade e mudança, ademais, não se restringiram à geopolítica. Na economia, 2008 será lembrado como o “ano da crise estrutural do capitalismo” e da completa desmoralização do neoliberalismo. Os fatos demonstraram que o reinado do mercado era, na verdade, o reinado da picaretagem e do cassino financeiro, no qual papel virava dinheiro e voltava a ser papel sem criar um único emprego.



Demonstrando que “todos os fenômenos estão interligados e interconectados”, as forças progressistas se beneficiaram diretamente desses novos ares e obtiveram vitórias em todos os terrenos. O PCdoB, como parte desse movimento, experimentou a construção da CTB, o fortalecimento crescente da UJS, a consolidação da UBM como corrente emancipacionista, uma expressiva vitória eleitoral e a expansão de seus instrumentos de comunicação e formação – notadamente o Vermelho – com reflexo direto no crescimento de sua militância.



Infelizmente 2008 também é o ano de recrudescimento da selvageria contra o povo palestino. Israel sempre argumentará que tem “o direito” de se defender dos ataques que o Hamas lhe move através de mísseis Qassam, artefato que comparado ao poder bélico israelense mais parece uma arma de fabricação caseira. Se alguém ocupar sua casa é legitimo que você recorra a todos os meios disponíveis para desocupá-la. É o que o povo palestino está fazendo. O invasor não tem “direitos” porque já é um usurpador do legítimo direito de outrem.



Esse conjunto de avanços e contradições pode fazer com que 2009 seja ainda melhor para o movimento popular e as forças progressistas. A depender dos desdobramentos da crise do capitalismo e a capacidade política das forças em contenda, 2009 poderá inaugurar um período de mudanças de caráter ainda mais acentuado. Feliz 2009!

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