A educação, o transporte e os cidadãos

Com a aproximação do dia 5 de outubro e considerando que todos os candidatos falam de educação como caminho para o Brasil, falemos um pouco sobre a educação. Gosto de falar do detalhe, tenho colegas que falam da conjuntura, como o José Reinaldo de Carvalho. Acho que é interessante termos pontos de vista diferentes para considerar. Este texto terminará com a seguinte frase:

A direita teve 500 anos pra mostrar seu projeto de país. Agora é nossa vez! 

Para começar, temos as etapas organizadas sucessivas, em crescente nível de dificuldade. Começamos pelo Fundamental, que vai do 1º ao 9° ano, dividido em duas etapas, do 1° ao 5º ano e do 6º ao 9º. Depois temos o ensino médio, que já foi chamado segundo grau, com 3 ou 4 anos, que pode ser profissionalizante ou não. Depois passamos para o Ensino Superior, e sempre me perguntei porque esse nome, porque não simplesmente terceiro grau.

Bom, no Ensino Superior temos a Graduação, que é o que costumamos chamar de estar na Faculdade. Temos os cursos de Pós-Graduação: Especialização, Mestrado e Doutorado. Depois (sim, há um depois!) temos os Pós-doc. (Esse não sei bem como se escreve).

Muito bem. A educação não está sob a responsabilidade de uma instância de governo, ou seja, ela é compartilhada entre Governo Federal, Governos Estaduais e Governos Municipais; Presidenta, Governadores (as) e Prefeitos (as). E para que isso tudo? Para que os cidadãos possam educar seus filhos, os futuros cidadãos, aqueles que vão continuar o país. E é aqui que se inicia, de fato, o que me interessa dizer.

Podemos não ter o costume de pensar nisso, mas vivemos nossas vidas em duas dimensões, digamos assim: a vida privada, a nossa vida propriamente dita; e a vida pública, ou seja, em comunidade, no bairro, na escola, no trabalho, pelo simples fato de que o ser humano vive em grupo, sempre, não importa o modelo de organização do grupo; e nossas ações precisam levar em conta o outro. Um exemplo simples e clássico disso é aquele vizinho barulhento que ouve seu som no último volume, não se importando se você está tentando estudar pro vestibular, dormir depois de ter trabalhado.

Educação envolve, como sabemos e de maneira extremamente simplificada, alguns elementos fundamentais: Família, Escola, Transporte. A Educação do conjunto da sociedade é uma tarefa do conjunto da sociedade. Mas, transporte Beatriz Helena? Sim, transporte meninos e meninas. Habitualmente, procuramos escolas primárias o mais próximo possível de casa, mas isso nem sempre é possível. Falo da realidade que conheço, o Rio de Janeiro. Vem daí a necessidade do passe livre para os estudantes, conquistado, diga-se, com muita luta e passeatas!

Ora, o transporte, assim como a educação, é serviço público. As empresas que escolhem operar o serviço não são suas proprietárias. E tenho visto procedimentos que sabotam imensamente o funcionamento da educação: colocam ônibus de uma porta ou micro-ônibus para circular em grande quantidade nos horários de entrada e saídas dos turnos, porque os estudantes não podem entrar nesses modelos. Vemos notícias de situações extremamente piores em municípios menores, a questão do transporte dos alunos é gravíssima e, facilmente percebemos, é essencial conseguir chegar tranquilamente à escola para desenvolver-se bem no percurso do ensino.

A sociedade, ou seja, a vida em comum de tantas e tão diferentes pessoas, só é possível porque nos organizamos em regras que todos devem conhecer e seguir. Neste sentido, votar é um direito muito importante, que também foi conquistado com muita luta, mas votar não é um exercício de votar em quem eu gosto, mas de entender a tarefa que está sendo oferecida a quem vai governar um país, um estado, um município, bem como a quem irá para as casas legislativas. É da vida de todos que estamos falando.

Há ainda um elemento nisso de governar e construir uma sociedade: o tempo! Um dia, lá pelos 27 anos, e tendo trabalhado até aquela idade sem carteira assinada, percebendo que um dia não seria "interessante" para o mercado, que prefere pessoas novas e com experiência, escolhi estudar para o vestibular, visando formar-me professora universitária. Era o ano de 2000. Não havia PROUNI, era o governo FHC. Fui prestando vestibular, enquanto cuidava da minha vida e dos três filhos que sempre foram o alvo das minhas melhores energias.Chegava perto, mas não passava pra faculdade.

Até que em 2005 concorri a uma bolsa do ProuUni, pelo Enem. Passei. Muitos conhecem essa história: Universidade 2006 – 2008; Especialização em 2009 – 2010; Mestrado 2011 – 2013 e entrei pro Doutorado em 2014. Lá se vão 8 anos estudando, e ainda faltam quase 4 anos pra eu alcançar meu objetivo. A idade chegou, não sou mais "empregável", mas dou aulas particulares, continuo me sustentando. Como percebem, tempo é fundamental para se construir a maioria dos projetos sérios.

A direita teve 500 anos pra mostrar seu projeto de país. Agora é nossa vez!

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