Agonia e êxtase

Aproxima-se o início da copa mundial de futebol. O maior espetáculo esportivo do planeta. Sim, porque a olimpíada idealizada na Grécia antiga, reúne dezenas ou centenas de modalidades. Das mais populares às indiscutivelmente exóticas.

O futebol é técnica, arte, preparo físico, coletivo e individual. Uma paixão generalizada em quase todos os países. Estádios monumentais são construídos para que multidões possam assisti-lo. No entanto, aprende-se a jogá-lo desde cedo nos campos improvisados dos bairros, nas favelas etc.


 



O brasileiro é decididamente arrebatado pelo futebol. Dominado pela alegria incontrolável na vitória, abatido em cava depressão na derrota, agoniado como um sujeito na iminência de um enorme perigo, quando o seu time encontra-se acossado pelo adversário, humilhado no placar dilatado.


 



Torcer por um time é algo muito sério. Exige a dedicação de toda uma vida. Os filhos de ambos os sexos jamais, repito, em hipótese alguma podem cometer o hediondo crime de vestir uma camisa de outra agremiação que não seja a do pai ou da mãe. É muito pior que traição nacional em caso de guerra declarada.


 


 
Alguns, juram os cronistas desportivos, chegam ao desespero da ameaça de deserdar alguém da prole, quando tal situação acontece. Exatamente por isso, desde cedo os pais tratam de acostumar os descendentes diretos com as cores da sua equipe.
Nélson Rodrigues, Armando Nogueira, Sérgio Noronha, enciclopédias da história do futebol pátrio, narram a vergonha que nos perseguiu até 1958, quando fomos na Suécia, pela primeira vez campeões mundiais.


 



Qualquer criança de cinco anos sabe que somos pentacampeões do mundo. E como uma espécie de fenômeno genético, já nascemos possuídos pelo calafrio, pelo choque tenebroso, anafilático, conseqüência da derrota para o Uruguai em 1950, no Maracanã.


 



Ao contrário da rivalidade argentina, os uruguaios com os brasileiros, são ternos, paternais, cálidos. A explicação é óbvia. Complexo de culpa pelo desastre infringido ao nosso povo. Vamos torcer em agonia, roendo as unhas, esperando o êxtase. O hexacampeonato.  Que os craques imortais do futebol nos protejam.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor