Ainda existe esquerda e direita na política?
“Não tem mais essa divisão de esquerda e direita, hoje está tudo misturado”
Ouço essa frase sempre que um dito entendido comenta a política na televisão.
Publicado 07/09/2010 08:53
Engraçado, mas eu abro a Veja e Vejo sempre os mesmos pensamentos sendo inseridos dentro das reportagens: criminalização dos movimentos sociais, preconceito contra aqueles que buscam mudanças, marginalização do povo pobre e exaltação da inteligência burguesa. Isso é a direita mais viva do que Sempre ou eu tô maluco?
Enquanto anunciam o fim da direita, para que pensamos que todos são iguais, eu a vejo em cada modo de colocar a palavra do Bornner, em cada sorriso dos candidatos do DEM, em cada propaganda de refrigerante, em cada silêncio dos filmes americanos.
A separação de esquerda e direita surgiu durante a Revolução Francesa devido a disposição nas cadeiras do parlamento: o grupo que sentava do lado esquerdo aprovava as mudanças radicais da Revolução, e na direita ficava o pessoal que queria manter tudo como estava.
E sempre foi assim. A esquerda sempre foi quem participou dos movimentos de libertação do povo, de desenvolvimento e evolução da sociedade, como aqui no Brasil lutando pelo fim da escravidão e o fim da ditadura. A direita sempre foi quem impedir mudanças e perpetuou a desigualdade que tanto sofremos após 520 anos de invasão portuguesa.
A esquerda é socialista, pois socialismo é dividir entre todos, sem desigualdade ou exclusão, as riquezas produzidas pela nação.
A direita é retrógrada, conservadora, porque age pela manutenção da desigualdade, para que quem tem o dinheiro e o poder continuem a ter o dinheiro e o poder.
É notória a diferença de discurso entre ambos: se a esquerda fala de reforma agrária, a direita fala em punir os sem-terras; enquanto a esquerda se ocupa com o fim da corrupção, a direita em aumento de salário de deputados; a esquerda quer o alimento para todos, a direita o pão importado para poucos.
Felizmente hoje, após a morte e tortura de muitos de esquerda, somos nós quem escolhemos nossos representantes. Os candidatos estão aí e está com a gente separar o joio do trigo então algumas perguntas tem que ser feitas: Quem é do povo e quem prefere jantar com empresários? Quero ama o simples e quem adora o luxo? Enfim, quem é de esquerda e quem é de direita?
Ser de esquerda é saber que estamos lutando para alcançar um mundo que muitos morreram para que cada vez cheguemos mais perto.
Ser de esquerda é ter coragem de falar enquanto não se esforçam para ouvir. É amar a poesia enquanto mercantilizam o ódio. É fazer da luta um romance, e da vida, uma biblioteca.
Ser de esquerda é amar a mãe Natureza e não o deus Dinheiro. Harmonizar o meio à sua volta sem mudar o seu posicionamento. É converter as coisas simples na fonte suprema de inspiração e razão insofismável de sempre agüentarmos um pouco mais.
Ser de esquerda é ter urgência na resolução dos problemas, porque o povo sofre desde sempre, e cada segundo a mais é muito tempo. A eficiência para semear é tão virtuosa quanto a paciência para colher.
Ser de esquerda é procurar nas piores correntezas, o vento que precisamos para seguir contra a maré.
É amar a música do povo, e não a música para o povo.
É respeitar todas as culturas, e saber que conhecê-las é uma das formas mais eficazes de resistir à domesticação.
…
Ser de esquerda é ter motivo para viver e para morrer, para sorrir e para chorar, para ficar e para partir, mesmo que as pessoas próximas, que tanto estimamos, não compreendam no momento.
E haveremos de fazer o momento nos compreender.