Alianças boas são alianças possíveis 

A possível aprovação da admissibilidade do pedido de impeachment pela maioria da Comissão da Câmara não será surpresa. Ali se joga com cartas marcadas.

Em Plenário, entretanto, o governo tem, por assim dizer, a obrigação de vencer. Para tanto, há que celebrar todas as alianças necessárias.

As alianças, nesse caso, incluem necessariamente partidos, frações de partidos, grupos isolados e personalidades influentes, com assento no Congresso Nacional.

Isto a despeito do matiz político e ideológico e do grau de aproximação com os propósitos programáticos do governo. Todos, invariavelmente, refletem interesses de classe e de segmentos de classe a considerar.

O que implica uma postura ampla, flexível e desprovida de preconceito.

Também inclui, naturalmente, algum nível de cedência. Óbvio que acordos precisam ser feitos e terão que ser feitos com forças políticas e sociais em presença, objetivamente atuantes na cena política; e não com forças supostamente “desejáveis”, submetidas a uma bitola imaginária.

A questão de fundo é a absoluta necessidade, do ponto de vista dos interesses do povo da nação, e se recuperarem as condições de governabilidade e de retomada do desenvolvimento – numa correlação de forças adversa, que precisa ser revertida..

Nesse sentido, o governo tem que apresentar – a exemplo do programa de investimentos em infraestrutura, do Plano Safra e da possibilidade de ajustes das políticas cambial e monetária de modo a destravarem a economia, dando azo a uma nova leva de investimentos produtivos públicos e privados.

Também restabelecer uma agenda positiva no que diz respeito aos interesses dos trabalhadores, dos setores médios e das camadas populares.

Não será com o contingenciamento linear do Orçamento Geral da União, nem com cortes setoriais a todo custo e com a manutenção da política de juros elevados e metas inflacionárias inibitórias que se conseguirá celebrar um novo e imprescindível pacto entre governo, empresariado produtivo e classe trabalhadora.

Uma ingente empreitada.

Em outras palavras, é o que sugere Renato Rabelo, em artigo aqui no Vermelho, é preciso desde já “realizar uma ampla repactuação, congregar uma base política e social referenciada num plano de governo que possa concretizar uma saída para retomada do crescimento com soberania, autonomia e sustentabilidade, que valorize a produção e o trabalho, com distribuição de renda e redução das desigualdades e integração em proveito mutuo com os vizinhos do continente e sustentação das alianças estratégicas no plano internacional.”

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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