Amazônia: o cerco das drogas
Os meios de comunicação têm dado ampla publicidade à descoberta de cultivo de coca em áreas indígenas do alto Solimões, no estado do Amazonas. Em alguns casos a cobertura tem sido “espetaculosa”, como de resto geralmente é feita toda abordagem sobre a Ama
Publicado 25/03/2008 21:00
Mas, afora essas deturpações, o fato é que, lamentavelmente, tanto o cultivo de coca quanto de maconha em áreas ermas da Amazônia e do Brasil como um todo não constitui nenhuma novidade.
E as causas são evidentes: absoluta falta de alternativa econômica nessas regiões, o que reforça a necessidade de efetivamente se entender que não há desenvolvimento sem sustentabilidade e nem tampouco sustentabilidade sem desenvolvimento.
Infelizmente boa parte dos que polemizam a Amazônia ainda estabelecem uma insustentável dicotomia entre desenvolvimento e preservação, quando esses dois pressupostos são inseparáveis.
Se o estado nacional não tiver uma forte presença nessas áreas, episódios como esse do “plantio de coca” deixarão de ser algo esporádico para se transformarem em rotina.
Por uma questão de justiça é importante destacar que no estado do Amazonas – e certamente em outros estados – algumas ações nesse sentido já estão em curso, tanto da esfera estadual quanto federal. Após o necessário período de maturação terão papel fundamental na equação desses problemas.
Dentro dessa concepção se enquadra, igualmente, os “territórios da cidadania”, programa recentemente lançado pelo governo federal cuja lógica é a produção em bases sustentáveis.
Parece pouco ou até mesmo despropositado se ressaltar um programa de produção em bases sustentáveis, na medida em que isso deveria ser uma rotina em qualquer processo produtivo.
Todavia, em se tratando de Amazônia, a visão predominante no governo FHC foi de extrema concessão ao “santuarismo”, entendido como a concepção que advoga a intocabilidade da Amazônia, sem explicar o que se faz com os milhões de seres humanos que habitam o último espaço vital disponível do planeta.
E mesmo agora no governo Lula essa concepção não está inteiramente derrotada. Ao contrário, ela é predominante em alguns setores do governo. Daí a razão pela qual todos nós, que advogamos uma Amazônia desenvolvida e preservada, saudarmos com tanto entusiasmo um programa aparentemente rotineiro. É pelo rumo que ele aponta, colocando em outro patamar a lógica do desenvolvimento na Amazônia.