As eleições de 2026 no RS e a questão nacional

A unidade da esquerda no RS é essencial para vencer em 2026 e construir um bloco político forte contra o conservadorismo no estado e no cenário nacional.

Palácio Piratini, sede do governo gaúcho | Foto: Leandro Osório/Especial Palácio Piratini

Para abordar as eleições de 2026, é necessário trazer à tona dados das eleições de 2022 no Rio Grande do Sul. No primeiro turno das eleições de 2022, Eduardo Leite (PSDB) obteve 1.702.815 votos, Onyx Lorenzoni (PL) recebeu 2.382.026 votos, Edigar Preto (PT) alcançou 1.700.374 votos, Vieira da Cunha (PDT) somou 101.611 votos e Vicente Bogo (PSB) conquistou 172.222 votos. Os candidatos do PSB e do PDT somaram 273.833 votos, sendo que Edigar Preto não avançou ao segundo turno por uma diferença de apenas 2.441 votos. Os números são claros e não deixam dúvida: se a esquerda estivesse unida, estaríamos no segundo turno[i].

Para o Senado, Hamilton Mourão (Republicanos) obteve 2.593.294 votos, Olívio Dutra (PT) alcançou 2.225.458 votos, Ronaldo Teixeira (Avante, coligado com o PDT) recebeu 33.923 votos e Sandra Figueiredo (PSB) teve 31.613 votos. Olívio Dutra não se elegeu senador por uma diferença de 367.836 votos; mesmo somando a votação dos candidatos ao Senado do campo popular, não se conseguiria a vaga. Nesse caso, os números indicam que a esquerda precisa ampliar seu arco de alianças[ii].

Mesmo reconhecendo que a política não é uma ciência exata, esses números indicam algumas situações que merecem reflexão. Mesmo separadas, a extrema direita (representada por Onyx Lorenzoni) e a direita tradicional (representada por Eduardo Leite) estão consolidadas em um patamar de votos impressionante. Imaginem juntas. Esse cenário deve ocorrer no segundo turno das eleições de 2026.

Desde 2018, o resultado das eleições vem mostrando que o campo conservador é majoritário nos Estados do Sul (PR, SC e RS).

A esquerda do RS, sozinha, não poderá vencer as eleições. Será necessário construir um bloco democrático popular que aglutine a esquerda e demais partidos do campo popular e democrático. Partidos que tenham a democracia como uma questão central para o país. Portanto, precisamos construir um projeto político amplo, que seja capaz de atrair outras forças políticas.

Na minha opinião, isso só será possível se a esquerda entender a complexidade da conjuntura atual e o que pode significar uma vitória no RS para a luta política nacional.

Esse projeto deve envolver não apenas as eleições de 2026, mas também as de 2028, para a prefeitura de Porto Alegre. Então, o que deve ser debatido é a construção de um bloco político que tenha um projeto duradouro para o RS. Um bloco político que represente uma alternativa real para a política no RS.

Por óbvio, o primeiro passo para as eleições de 2026 deve ser a unidade dos partidos de esquerda – PT, PSB, PCdoB, PDT e PSOL – para, posteriormente, aglutinar mais partidos do campo democrático. Por exemplo, uma chapa com o PT para governador (o resultado das eleições de 2022 indica uma condição de competitividade da candidatura de Edigar Preto) e o PDT para vice-governador(a) (destacando o papel que Juliana Brizola teve nas eleições para a prefeitura da capital) pode ser uma proposta viável e bem competitiva, com capacidade de atrair mais forças políticas para esse projeto.

Pode-se construir um projeto político no qual o PDT seja vice-governador(a) nas eleições de 2026, com o compromisso de receber apoio para a prefeitura de Porto Alegre em 2028. Este é apenas um exemplo, uma proposta para debate. Os espaços podem ser diferentes, podendo envolver o Senado. O importante é construir um projeto sério e confiável que respeite a legitimidade e os projetos de todos os partidos, significando a constituição de um bloco político com compromissos políticos de longo prazo.

No que se refere ao Senado, teremos duas vagas nas eleições de 2026. Creio que um fator importante é a figura de Manuela D’Avila. Ela está sem partido, mas indiscutivelmente pertence ao campo da esquerda e, independente do partido em que esteja, seria uma grande candidata ao Senado (creio que não seja necessário tecer comentários sobre Manuela, pois sua biografia fala por si).

Construir uma chapa competitiva para o Governo estadual e para o Senado é de fundamental importância, pois o Rio Grande do Sul talvez seja o único estado da Região Sul do país que possa construir uma derrota aos setores conservadores.

Os partidos de esquerda do Rio Grande do Sul podem dar uma contribuição valiosa na luta nacional nas eleições de 2026, formando um bloco político capaz de ser uma alternativa ao conservadorismo que hoje impera no país e construindo uma derrota significativa ao campo conservador, tanto para o Executivo Estadual quanto para as cadeiras do Senado. No entanto, essa conquista só será possível se os partidos de esquerda compreenderem a complexidade da luta política atual e não se deixarem levar por interesses internos e imediatos.

No canal do Youtube “A questão Política” aprofundo mais esse e outros temas que dizem respeito à política. Convido a todas e todos para que se inscrevam no canal. (https://www.youtube.com/@Aquestaopolitica).


[i] https://resultados.tre-rs.jus.br/eleicoes/2022/546/RS.html

[ii] https://resultados.tre-rs.jus.br/eleicoes/2022/546/RS.html

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