Bivalve

Às vezes, assim, em minha casa,
Penso que sei onde estou.
Por isso cumpro o almoço e alimento esta fome.
Atrás da porta tem um canto, creio eu.
No teto, madeira de lei.
A casa, ora frontal, ora dorsal, conjuga-se
entre o terreiro e o quintal.
Entre mastruços e margaridas, comprometida.
Por tantos despercebida, atravesso a multidão
e igual a hemorrágica toco no manto da vida,
com as mesmas mãos.
Grande fascínio e alvoroço causaram-me Galileu,
Nietszche, Freud, Einstein…
Supostos segredos a vida não guarda
Por tanto tempo, pra quem se mete com verbos.
Tão logo meus rastros fogem
encantados pelos vento nas areias do litoral,
escondo com zelo, no bolso da mão,
uma alegria bivalve da natureza das conchas;
acima do nível do mar.
E lá do céu de castro Alves, as estrelas de Bilac
alcançam a face do meu olhar.

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