Bora Bahêa

Depois de 7 anos, e um passeio pela Série C do Campeonato Brasileiro, o bicampeão brasileiro, Esporte Clube Bahia (1959/1988) está muito perto de voltar à elite do futebol. Aos torcedores, ou não, do tricolor baiano, o clube de maior torcida da Bahia pode retornar ao lugar de onde nunca deveria ter saído, se não fossem administrações desastrosas.

É fato que a “capitalização” do futebol vem, paulatinamente, excluindo clubes do Norte e Nordeste da primeira divisão. O eixo Rio-São Paulo, em especial, além de Minas Gerais e Rio Grande do Sul recebe a maior fatia dos investimentos em futebol. Basicamente, a maior capacidade de exposição e consumo dos produtos ligados aos clubes e marcas ligadas aos mesmos, devido à densidade populacional e quantidade de torcedores de cada um, explica esta concentração.

Mas o Bahia, entre outros, carrega consigo uma história gloriosa. Tanto no estado da Bahia, quanto em nível nacional.

O primeiro campeonato brasileiro entre clubes (antes era disputado por seleções estaduais), em 1959, foi vencido pelo Bahia. O tricolor derrotou na final simplesmente o Santos de Pelé. É mole ou quer mais?

Ainda é 43 vezes (isso mesmo, 43 vezes) campeão baiano, 4 vezes campeão do Norte-Nordeste e 2 vezes campeão do Nordeste.

Com tudo isso, o Bahia viveu uma crise sem precedentes em sua história. Com presidentes tenebrosos, que fizeram o que quiseram com o tricolor, o clube foi rebaixado para a segunda, depois para a terceira divisão, viu seu arquirrival rubronegro, o Vitória, voltar antes à elite e amargou uma série de times sem qualidade alguma nesse período.

O Bahia se envolveu com um grupo de investimentos que, em parceria com a direção do clube, praticamente faliu-o. Sabe o Daniel Alves? Aquele mesmo que joga muita bola no Barcelona e era o décimo segundo titular da seleção do Dunga. Foi revelado no Bahia. Quantos jogos ele fez pelo time profissional? Nenhum. Quantos milhões pagaram por ele? Nenhum. Foi embora por uma ninharia. O valor declarado da venda, pelo menos.

Mas como em qualquer negócio estranho que se faz neste imenso país chamado Brasil, adivinha quem estava envolvido com o tal grupo de investimentos? Outro Daniel, o Dantas. Que na Bahia de Todos os Santos, ou em qualquer outro lugar, de santo não tem nada.

Só pra se ter uma ideia, a torcida do Bahia colocou 30 mil pessoas em protesto pelas ruas de Salvador contra o presidente do clube, mas como os clubes no Brasil são fechados aos torcedores, nada mudou. E o Bahia foi descendo Ladeira da Curuzu abaixo.

Este ano, o Bahia conseguiu montar um time. A princípio, sob o comando de Renato Gaúcho, que após transferir-se para o Grêmio, abriu espaço para Márcio Araújo. É um time modesto, mas com qualidade. A maior estrela é Morais, ex-Vasco e Corinthians.

Falta pouco, quando estiver lendo este artigo é possível que o Bahia já tenha conquistado o acesso, pois enfrenta a Portuguesa no estádio de Pituaçu e uma vitória pode garanti-lo na Série A. Embora não haja mais Fonte Nova, o Bahia tem muita história por lá. E ainda muito a contar.

Esperamos-te de volta, tricolor baiano. O time que ousou derrotar Pelé! Com carinho e saudades, da torcida brasileira. Bora Bahêa!

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