Borracha e Meio Ambiente

Embora haja polêmica no meio científico quanto a real causa do aquecimento global, não há divergência em torno da constatação de que a temperatura média do planeta se elevou. Assim, enquanto soluções definitivas não são viabilizadas, em decorrência da int

Dessa forma, a busca de matéria prima de fonte natural e renovável se tornou uma obsessão, tanto por razões ambientais quanto econômicas. Está dentro dessa lógica, por exemplo, o uso de energia hidráulica, a substituição do óleo diesel pelo biodiesel e o emprego crescente da borracha natural em substituição à borracha sintética que tanto sucesso fez no século passado.


 



O estado do Amazonas já foi o maior produtor de borracha natural do mundo. O método de produção na Amazônia era feito em seringais naturais, onde o seringueiro sangrava as “estradas” distribuídas em extensas áreas. No início do século 20 sua produção era tamanha que algo como 38% do conjunto das exportações do Brasil saía do porto de Manaus.


 



A biopirataria praticada pelos ingleses, a utilização em larga escala da borracha sintética e o elevado custo de produção nos seringais naturais, levou à derrocada do que ficou conhecido como “ciclo da borracha”.


 



A partir das sementes “biopiratiadas” da Amazônia os ingleses desenvolveram mudas e plantaram seringueiras em vários países da Ásia. A conseqüência imediata foi a elevação da produtividade e o barateamento do custo de produção, o que levaria em pouco tempo ao total estrangulamento da produção nos seringais nativos da Amazônia.


 



Hoje, com o barril de petróleo a 120 dólares (e subindo), o preço da borracha sintética vai ficando menos competitivo, embora ainda seja mais barato do que a natural. Ademais, a pressão pelo uso de produtos naturais e a necessidade de se encontrar alternativas reais ao chamado desenvolvimento sustentável, faz com que a retomada da produção de borracha na Amazônia volte a ser um tema a figurar no planejamento de todo e qualquer gestor que veja além do cotidiano.


 



É dentro dessa lógica que o governo do Amazonas, através da SEPROR, está lançando o “Projeto de Expansão da Heveicultura no Amazonas”, cuja meta é mobilizar, em cinco anos, 50 mil seringueiros e produzir 25 mil toneladas de borracha, que a rigor sequer supre a atual defasagem nacional.


 



Partimos de um patamar superior em relação ao século passado. Se não é possível reverter a biopirataria, é possível utilizar clones resistentes que a Embrapa desenvolveu e, também, adensar o nosso cultivo em áreas degradadas, criando uma atividade econômica rentável e ecologicamente correta às populações tradicionais.
Atualmente o Brasil consome algo como 300 mil toneladas de borracha natural e sua produção é da ordem de 170 mil toneladas. A defasagem é de 130 mil toneladas, toda importada.


 



Esse setor, apenas no Amazonas, uma vez desenvolvido com êxito o projeto em questão, será responsável por mais de 50 mil postos de trabalho, entre homens e mulheres que permanecerão nos seringais, protegendo a floresta e defendendo as nossas fronteiras. Isso, efetivamente, será desenvolvimento com sustentabilidade.

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