Comida para quem precisa 

Após tanta chuva e temporais, dignos de qualquer furacão, convencer-se de que há algo de grave no clima parece detalhe. E aquela máxima de que devemos fazer, todos, nossa parte para tentar reverter o quadro da crise climática, nunca pareceu tão verdadeira.

Começo, então, com a minha. Essa que se limita a provocar ideias através das palavras escritas. Pois vendo o corre-corre de garçons, garçonetes e auxiliares de cozinha num restaurante comercial de bifê livre ou a quilo, ocorreu a ideia de tentar auxiliar em duas frentes ao mesmo tempo: o social e o climático.

Me pus a imaginar, e em seguida pesquisar sobre o volume de comida jogada fora todo o dia em restaurantes e supermercados, e os resultados foram estarrecedores. Se pudesse resumir, diria que se toda a comida diariamente jogada fora fosse reaproveitada de alguma forma, a fome no mundo, e somente com o que no Brasil se desperdiça, poderia ser dada como extinta. Em outras palavras, sairíamos da idade média capitalista, onde há gente morrendo de fome, para uma outra e nova era, onde a fome jamais seria parte da vida de alguém em qualquer canto do globo.

Exagero? Não, nem um pouco. E qual, então, a saída? Extinguir os serviços de comida pronta e supermercados e impor outro sistema? Não, as coisas não mais podem ser feitas por decreto, isso é do século passado.

Nos Estados Unidos, no estado da Flórida, há uma severa vigilância pública e legal com o destino dos óleos usados nas cozinhas comerciais e restaurantes. O que obriga a todos que lidam com comida contratar empresas recicladoras e dispor, necessariamente, de recipientes externos com bom acondicionamento para seus óleos, que sabemos provocam efeitos devastadores se jogados diretamente na natureza.

Por que, então, não se pensar alguma regulamentação oficial para os desperdício de comida em restaurantes e supermercados no Brasil? Uma lei com fiscalização efetiva, para que essas empresas repensem seus descartes e como melhor reaproveitar suas sobras, e que não são poucas, parece uma ideia razoável de ser aplicada, ainda mais se associada à campanhas educativas. Se as coletas seletivas de lixo se tornaram realidade em nossas cidades, é sinal de que há saída organizada para nossos desperdícios. O que me dizem, legisladores?

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