Como o eleitor decide?

Quando Hegel sentenciou que “cada povo tem o governo que merece” ele não considerou que “a consciência é produto da realidade material objetiva” e que, portanto, o povo faz sua escolha com base no seu nível de consciência.

Seu voto não se orienta apenas por razões morais. Até pode utilizar esse fato como critério de desempate, jamais de definição da preferência.



Sabe, por experiência prática, que nas distintas sociedades (clãs, escravagismo, feudalismo, capitalismo, socialismo) sempre houve e sempre haverá uma conduta moral, uma ética predominante.



A ética escravagista admitia que um homem fosse dono de outro homem, inclusive dispondo de sua vida. Já a ética capitalista considera a exploração, a “esperteza” e o “salve-se quem puder”, como virtudes da sociedade burguesa.



Como o povo pode, então, orientar seu voto por razões morais se os escândalos são uma rotina na sociedade capitalista? E esse ceticismo aumenta pelo fato de que boa parte dos que hoje finge se indignar com escândalos, serem os mesmos que há séculos dilapidam a coisa pública, pela corrupção e pelas privatizações criminosas.



A escolha popular, portanto, se dá fundamentalmente por comparação entre o que “está” e o que poderá “vir”. Procura mudar quando entende que seus representantes no executivo ou no legislativo não correspondem mais às suas expectativas. Pela mesma lógica, costuma reafirmar seu apoio se suas aspirações estão satisfatoriamente atendidas ou quando analisa que uma eventual mudança pode representar um retrocesso.



E é preciso respeitar essa decisão, seja quando ela nos contempla ou nos ignora solenemente. Pois quem insulta o povo quando este age em desacordo com a sua vontade revela, além de insuficiência teórica, um viés antidemocrático, autoritário e um caráter presunçoso e arrogante.



E os exemplos de arrogância não têm faltado em nossos dias.

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