Crise de identidade e ligações perigosas

Nesta quarta-feira passada em um programa de debates na televisão a cabo e, sem nenhum pudor, em campanha para o candidato José Serra, a âncora que comanda o espaço reuniu dois cientistas políticos para avaliar as possíveis alternativas aos tucanos que se debatem em um impasse na estratégia eleitoral, aparentemente insolúvel.

Só que um dos especialistas convidados não era bem um analista do quadro político, mas um candidato a marqueteiro nas hostes do PSDB.

E foi ele mesmo quem sugeriu, clara e abertamente, ao partido do ex-governador paulista assumir a feição ideológica de direita. Mais concretamente deveria identificar-se com a linha adotada pelo reacionário PP de José Maria Aznar da Espanha.

De acordo com o cidadão que nos foi apresentado pela comentarista global, a única saída ao PSDB seria uma carta programática objetivamente antiestado, assumidamente repressiva, definitivamente defensora do neoliberalismo.

Argumenta que os tucanos estão conduzindo a campanha do seu candidato no rumo de uma esquizofrênica crise de identidade porque José Serra apresenta-se ao povo brasileiro como uma espécie de pós Lula, mas no mesmo rumo do governo Lula.

Nesse caso, diz ele, ao povo o mais lógico será mesmo votar na própria candidata do presidente, a Dilma. Ainda no mesmo raciocínio os neoliberais dessa maneira perdem porque não possuem uma tática eleitoral própria e perdem de novo ao abandonar as suas origens ideológicas, programáticas e teóricas.

Assim, seria essa uma das razões da queda acelerada de José Serra e a ascensão fulminante de Dilma Rousseff, o que não deixa de ser verdade. E proclama, nessa batida a candidata de Lula pode ganhar as eleições ainda no primeiro turno.

Caberia ao PSDB invocar “o programa monetarista e ortodoxo radical de Margareth Tatcher na Inglaterra, a linha privatista da administração Reagan nos EUA, a perseguição aos imigrantes proposta pela extrema direita francesa de Jean Marie Le Pen e pelos espanhóis do PP”.

É uma equação complicada ao PSDB porque ou afunda em crise de identidade ou assume as citadas ligações perigosas com a direita mundial. E também não podem combater o projeto de desenvolvimento econômico com inclusão social do governo Lula e sua candidata, Dilma, porque estariam se contrapondo à esmagadora maioria dos brasileiros.

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