Crise de identidade e ligações perigosas
Nesta quarta-feira passada em um programa de debates na televisão a cabo e, sem nenhum pudor, em campanha para o candidato José Serra, a âncora que comanda o espaço reuniu dois cientistas políticos para avaliar as possíveis alternativas aos tucanos que se debatem em um impasse na estratégia eleitoral, aparentemente insolúvel.
Publicado 28/05/2010 20:18
Só que um dos especialistas convidados não era bem um analista do quadro político, mas um candidato a marqueteiro nas hostes do PSDB.
E foi ele mesmo quem sugeriu, clara e abertamente, ao partido do ex-governador paulista assumir a feição ideológica de direita. Mais concretamente deveria identificar-se com a linha adotada pelo reacionário PP de José Maria Aznar da Espanha.
De acordo com o cidadão que nos foi apresentado pela comentarista global, a única saída ao PSDB seria uma carta programática objetivamente antiestado, assumidamente repressiva, definitivamente defensora do neoliberalismo.
Argumenta que os tucanos estão conduzindo a campanha do seu candidato no rumo de uma esquizofrênica crise de identidade porque José Serra apresenta-se ao povo brasileiro como uma espécie de pós Lula, mas no mesmo rumo do governo Lula.
Nesse caso, diz ele, ao povo o mais lógico será mesmo votar na própria candidata do presidente, a Dilma. Ainda no mesmo raciocínio os neoliberais dessa maneira perdem porque não possuem uma tática eleitoral própria e perdem de novo ao abandonar as suas origens ideológicas, programáticas e teóricas.
Assim, seria essa uma das razões da queda acelerada de José Serra e a ascensão fulminante de Dilma Rousseff, o que não deixa de ser verdade. E proclama, nessa batida a candidata de Lula pode ganhar as eleições ainda no primeiro turno.
Caberia ao PSDB invocar “o programa monetarista e ortodoxo radical de Margareth Tatcher na Inglaterra, a linha privatista da administração Reagan nos EUA, a perseguição aos imigrantes proposta pela extrema direita francesa de Jean Marie Le Pen e pelos espanhóis do PP”.
É uma equação complicada ao PSDB porque ou afunda em crise de identidade ou assume as citadas ligações perigosas com a direita mundial. E também não podem combater o projeto de desenvolvimento econômico com inclusão social do governo Lula e sua candidata, Dilma, porque estariam se contrapondo à esmagadora maioria dos brasileiros.