Difíceis, empoderadas e felizes

É um prazer incomensurável rever pessoas com as quais compartilhei momentos da vida. 

 

Usufruo dos reencontros até a última gota, mas, quase sempre, fico com a sensação de estranhamento diante da atitude derr

Difíceis, empoderadas e felizes

 

"É um prazer incomensurável rever pessoas com as quais compartilhei momentos da vida".

 S

ão pessoas que entregaram o direito delas à felicidade nas mãos de outras. Homens lidam sem muitas “neuras” e sem aquele “ar infeliz” (ou não revelam?) com histórias recorrentes de que “aquele amor ou casamento” não deu certo.

 

O que é não dar certo? Há algo mais certo que a coragem de sair de relações quando o amor acaba? Ficar é covarde. Há algo mais reconfortante que a disposição para estados de paixão correspondidos, arrebatadores, a qualquer hora? A ternura da entrega nos lugares mais inusitados? Curto estado de paixão.

 

E embarco. E desembarco. Continuo viva. Há muito a aprender com homens que sabem extrair prazeres delirantes dos estados de paixão, coisa que é dita que não fica bem para mulheres de fino trato.

 

Engodo. Bem sabem as mulheres difíceis – que mandam em suas vidas; entram e saem sem pedir licença de qualquer lugar, a qualquer hora. Podem. Não possuem donos e são mulheres custo zero.

 

“Provedores” de mulheres nunca saberão porque elas se deitam com eles anos a fio. Há mulheres que vivenciaram relações afetivas e o fim chega de modo conflituoso, como é regra geral, que insistem em manter suas vidas girando em torno de sofrer e sofrer, e, resignadas, crêem que só lhes resta “desdobrar fibra por fibra o coração” na criação da prole.

 

E guardando castidade e conservando em vidro de formol afetivo o nome do “ex”. Dizem que usam a “marca de ferro de gado” para que os filhos não sofram tendo uma mãe de nome diferente – atitude reveladora de ausência de auto-estima. De desempoderamento.

 

Empoderamento, palavra pautada pela 4ª Conferência Mundial de População e Desenvolvimento (ONU, Cairo, 1994), significa poder para as mulheres. Na essência, no âmbito privado, é o nome político da velha auto-estima/amor próprio.

 

O sistema Nações Unidas optou por um vocábulo de significado contundente para retratar a situação de opressão de gênero – comum a todas as mulheres, vivenciada de modo diferenciado, portanto deve ser contextualizada, já que nem todas as mulheres são desprovidas de poder.

 

Há mulheres poderosas na vida pública, mas desempoderadas nas relações conjugais ou afetivas. A distinção é indispensável. Nem sempre relações conjugais são o mesmo que relações afetivas.

 

Não é possível empoderar quem não possui autoestima, preferencialmente, nas nuvens. Cabe aos espaços de socialização básicos, família e escola, cuidar da auto-estima das meninas, alicerçando uma vida adulta guiada pela autonomia.

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