Dona Marisa não volta mais

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Passeata em apoio aos sindicalistas presos em 1980. Dona Marisa ao centro | Foto: Reprodução TVT

Dona Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, morreu em 3 de fevereiro de 2017, em meio aos processos de julgamento montados pelo ex-juiz Sérgio Moro e a gangue de procuradores de Curitiba. Não chegou, contudo, a testemunhar a fase mais aguda do cerco a Lula, com sua prisão, mas ela comentava que as elites conservadoras não iriam tolerar uma quinta vitória do PT em eleições presidenciais – ainda mais com Lula presidente, de novo. 

Em verdade, muito sensível e emocionalmente frágil, ela foi assassinada por essa quadrilha, esfaqueada seguidamente por novos golpes contra seu marido, e assim morreu. Lula temia que algo ocorresse com ela e chegou a mencionar esse fato em muitas conversas, inclusive com lideranças sindicais e políticas de suas relações, numa antevisão da desgraça que estava a caminho.

Mesmo com a condenação do ex-juiz, por imparcialidade, Dona Marisa não volta mais e ninguém pagará pelo crime. Ela era descendente de italianos, por parte de pai e de mae, nasceu e sempre viveu em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, primeiro na zona rural, depois na cidade, onde passou a viver ainda criança, estudando e trabalhando, desde a tenra idade.

Começou a trabalhar aos nove anos de idade, como babá, e, aos treze, com a autorização do pai, Marisa passou a trabalhar na fábrica de chocolates Dulcora, como embaladora de bombons. Permaneceu assim até os dezenove anos, quando se casou com um rapaz que era motorista. Seis meses após o casamento, porém, seu marido foi assassinado num assalto.

Passou a frequentar o Sindicato dos Metalúrgicos, pra tratar de assuntos do ex-marido e, em 1973, conheceu Lula e passaram a namorar até se casarem, meses depois. Ela já tinha alguma militância política do tempo de estudante e passou a se integrar aos movimento sindical e partidário, junto com o marido. Lula foi eleito presidente do Sindicato e vieram as greves do ABC. Ele foi preso, com outras lideranças, e Marisa organizou manifestações de mulheres pela soltura dos presos.

O fato é que, por mais que o Supremo Tribunal Federal tente consertar a farsa montada por Moro com o objetivo de tirar Lula das eleições, nada trará de volta Dona Marisa Letícia. Nada trará de volta, tampouco, o tempo que ele passou na prisão, condenado por crimes que não existiram, nem tudo o mais que Moro provocou.

O STF limpa o nome da Justiça e devolve os direitos ao ex-presidente, que não quer se vingar de nada nem de ninguém, quer apenas seguir em frente, mesmo sem sua amada Marisa.

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