É primavera, ó pá! Cá estou carente…

O inverno vai chegando ao fim, e os próximos 2 anos e meio serão um martírio. Como nós, torcedores, podemos viver por todo esse tempo sem o nosso coliseu do futebol? O Maracanã está fechado para as reformas de adequação às exigências da FIFA para a Copa do Mundo de 2014. E ainda não sabemos direito pra onde iremos, o que faremos…

A despedida foi no dia 05 de setembro.

Diante da maior torcida do Brasil, em sua casa, contra o Santos de tantas glórias e tradições. O cenário seria perfeito para uma final de campeonato, onde uma das torcidas sairia dali em festa pelo título conquistado. Mas não.

Ali, cada momento, seria o último até 2013.

O banho, quente como de costume, durou mais que o esperado. Como se até a água do chuveiro caísse mais lentamente, não querendo simplesmente esvair-se pelo ralo, onde dali parte para encontrar-se com águas mais volumosas. Em algum momento, o oceano há de recebê-la, e este saberá acolhê-la, misturada ao suor de um coração partido.

Escolher o manto sagrado do seu clube é uma árdua tarefa. Fica difícil saber qual se adequa melhor ao clima do jogo. Eis que, no fundo da gaveta, se enxerga uma camisa velha, daquelas que já sofreram e vibraram junto ao torcedor durante anos, mas que a ingratidão da contemporaneidade fez questão de esconder. É ela mesma!

A caminhada parece longa. O trajeto de casa ao estádio é naturalmente mais triste. O sol parece teimar em não sorrir. Por um instante, o torcedor se vê em um beco escuro, sem saber onde há saída. Mas ele segue…

Hora de comprar o ingresso. Neste exato instante, a bagunça do nosso futebol nos faz esquecer um pouco a melancolia. Esta dá lugar a indignação! Uma fila interminável, uma desorganização revoltante, uma espera desesperadora. O desrespeito ao torcedor ainda é gritante, e nos faz ter ideia do quanto ainda falta para a realização da Copa. Se é que eles estão pensando nisso.


Chega o momento apoteótico da entrada! A subida da rampa, com o hino ao fundo, e o canto da galera. Como se pode passar tanto tempo sem isso? Ninguém ainda encontrou resposta.

Escolhe-se o lugar para sentar. O que tiver a disposição. O futebol brasileiro ainda não evoluiu a tal ponto em que você sabe desde antes onde vai assistir ao jogo.

O estádio estava lotado, dentro da capacidade possível, já que as cadeiras azuis inferiores já se encontravam em obras. Foram disponibilizados cerca de 40 mil ingressos. Todos vendidos! A ocasião merecia…

Todas as emoções da partida, toda a vibração da torcida, a bola rolando naquela grama, naquele solo onde desfilaram nossos grandes craques… Dois anos e meio sem isso? É muita coisa!

No fim das contas, o resultado importava, mas nem tanto. O jogo não saiu do 0 a 0, mas foi uma boa partida. Como explicar para uma nação inteira que esta ficará sem casa durante tanto tempo? Não sabemos. É algo que não se explica, só se sente. E o Maracanã, no alto dos seus 60 anos, deixará saudades nesse período.

Os mais de 20 minutos em que a torcida permaneceu ali após o jogo, cantando e reverenciando seu lar, dizem bem isso.

Usando um clichê, não é um adeus, mas sim, um até logo! Mas como fará falta… Ah, se fará!

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