É uma celebração da arte como educação para o belo

Os festivais de inverno mineiros são atividades culturais que mexem no âmago
do meu ser, pois fazem aflorar em mim a leitura de que nas Gerais a
valorização do apreciar, ensinar e aprender ''algo artístico'' é parte da
eternização do belo.

É o que sinto ao ler sobre as oficinas de artes cênicas, plásticas, literárias, musicais, visuais, arte-educação, patrimônios natural e cultural; e que lá encontraremos diferentes expressões artísticas e culturais: exposições, shows, espetáculos teatrais e circenses, performances, exibições de filmes e mil e um blablablás em formato de
palestras e debates.


 


 


Um festival de inverno é uma celebração da arte como educação para o belo.
Sempre que leio matérias sobre tais eventos, revejo o filme de minha meninice em Graça Aranha (MA), na Escola Rural Humberto de Campos, onde estudei até à 3ª série do antigo primário e levava, diariamente, o tamborete na cabeça, pois não havia carteiras e nem cadeados nas portas! E pasmem, foi lá que aprendi a adorar e dizer poesias e vi, pela primeira vez, uma cópia de uma pintura sendo descrita como uma obra de arte pela professora Maria do Carmo! E viajei… E aprendi que arte é o belo aos nossos olhos. É de lá o meu lastro para compreender do que fala Oscar Wilde no prefácio de ''O Retrato de Doryan Gray'': ''O artista é o criador de coisas belas''; e que
''Toda a arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que penetram para
além da superfície fazem-no a expensas suas''.


 


 


O ensino da arte, ou arte-educação, é tido como supérfluo. Todavia, consta no artigo 26, § 2º. da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: ''O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos''; e ''A arte é um patrimônio cultural da humanidade, e todo ser humano tem direito ao acesso a esse saber''.


 


 


Os festivais de inverno cumprem parte do disposto na LDB, pois são espaços
de acesso à arte, à educação artística e de visibilização do movimento de arte-educadores, que objetiva habilitar profissionais nessa área do saber e vincar nas escolas o conceito de interação com as artes como parte indispensável a uma educação plena, capaz de ressoar na vida pessoal e ser uma trilha para a inserção social mais ampla.


 


 


Julho em Minas é época dos festivais: um fervilhar de gente nas cidades históricas, uma grande e belíssima ''festa do interior'', celebrando e fazendo arte, mas também respirando cultura.


 


Será assim em Ouro Preto e Mariana, no Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, com 2.000 vagas para 63 oficinas


 www.festivaldeinverno.ufop.br/2008 


 


São João del-Rei, no Inverno Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei, com 1.300 vagas para 75 oficinas 


www.invernocultural.ufsj.edu.br  


 


e em Diamantina, no 40º Festival de Inverno da UFMG, com 884 vagas para 50 oficinas
www.ufmg.br/festival


 


 


O tema do 40º Festival de Inverno da UFMG é ''Arte: Essencial'', de cuja
justificativa reproduzo trechos esparsos: ''O tema Arte: Essencial é, ao
mesmo tempo, conceito e justificativa do festival, pois busca revelar uma
dimensão indispensável da arte para a existência humana, como possibilidade
de significação sensível de nossas existências; Vitor Hugo ressaltava o
caráter absoluto da arte e o caráter relativo da ciência; o progresso como
gerador da ciência, e o ideal como gerador da arte. Um cientista procura
jeito de esquecer outro; um poeta não faz esquecer um poeta; vida, ciência e
arte: todas se nutrem do mesmo húmus, a curiosidade humana, a criatividade,
o desejo de experimentar. Todas são condicionadas por sua história e seu
contexto''.

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