EUA, o refúgio dos terroristas

“Temos uma explosão a bordo. Temos fogo a bordo. Solicitamos aterrissagem de emergência”.
Últimas palavras do comandante Wilfredo Pérez, minutos antes da explosão que matou os 73 passageiros do vôo 455 da Cubana de Aviação, em 6 de outubro de 1976.

A Justiça dos EUA determinou nesta semana a libertação de um dos maiores terroristas da atualidade, o cubano naturalizado venezuelano Luís Posada Carriles, o “monstro”. A decisão desmascara de vez o falso discurso do presidente George Bush, que invade países, instala 737 bases militares no planeta, assassina mais de 700 mil iraquianos e incentiva torturas nos campos de concentração de Guantánamo e de Abu Ghraib, entre outras barbaridades, sob o argumento de que promove uma “cruzada contra o terrorismo”. Protegido dos irmãos George e Jeb Bush e da máfia de gusanos (vermes) cubanos em Miami, Luís Posada Carriles é um criminoso sanguinário e frio, processado e condenado pela Justiça de diversos países.


 


 


Entre outros crimes hediondos, foi responsável pela explosão do avião da Cubana, em outubro de 1976; pelos atentados contra hotéis de Havana, em 1997, que resultaram na morte de um turista italiano; e pelo tráfego ilegal de armas na guerra suja contra o regime sandinista na Nicarágua. Treinado pela CIA para participar da frustrada invasão da Praia Girón, em abril de 1961, na primeira ação terrorista contra o governo de Fidel Castro, sempre teve papel ativo nas conspirações imperialistas dos EUA. Esteve preso na Venezuela, acusado de ações ilegais, mas “escapou” do cárcere, em 1985, disfarçado de padre. Detido novamente no Panamá, foi “perdoado” pela presidente Mireya Moscoso, em 2004, a pedido dos EUA. O próprio FBI chegou a acusá-lo de transportar ilegalmente 41 bombas, que tinham como destino Cuba.


 


 


O protesto de Fidel Castro


 


 


Numa entrevista ao jornal The New York Times, em 1998, ele se gabou de ter planejado os atentados aos hotéis de Havana. “É uma pena que alguém morreu, mas nós não vamos parar. O italiano estava no lugar errado na hora errada”. Em 2000, ele participou diretamente de uma tentativa de assassinato do presidente Fidel Castro, durante uma visita oficial ao Panamá. Em 2005, Posadas Carriles ingressou ilegalmente nos EUA. Diante da repercussão na mídia, o então secretário de Estado Adjunto para a América Latina, Roger Noriega, outro famoso anticastrista, tentou desmentir o que já era público para protegê-lo. Ele somente foi detido quando a Venezuela exigiu a sua repatriação. A Justiça rejeitou o pedido e decretou a sua detenção, argüindo que ele “corria risco de morte e tortura na Venezuela”. Baixada a poeira, o terrorista é solto!


 


 


A notícia da sua libertação causou revolta. O presidente Fidel Castro, mesmo enfermo, escreveu no jornal Granma. “Não se esperava outra coisa daqueles que o treinaram e ordenaram que destruísse um avião de passageiros cubano em pleno vôo, tendo a bordo 73 atletas, estudantes e outros passageiros; daqueles que, quando o terrorista estava preso na Venezuela, compraram sua liberdade para que ele assessorasse e praticamente dirigisse uma guerra suja contra o povo da Nicarágua, que custou milhares de vidas e a ruína do país durante décadas; daqueles que lhe permitiram traficar drogas e armas para burlar as leis dos EUA; daqueles que criaram a terrível Operação Condor e que internacionalizaram o terror; dos que levaram à tortura, à morte e ao desaparecimento físico de centenas de milhares de latino-americanos”.


 


 


Refúgio de terroristas e torturadores


 


 


Como ilustra um excelente artigo publicado no boletim eletrônico Rebelión, intitulado “EUA, refúgio dos repressores latino-americanos”, a libertação do sanguinário Luís Posada Carriles não deve causar espanto. Desde que se constituíram numa potência imperialista, os EUA sempre deram guarita aos seus terroristas. Treinados e orientados pela CIA, estes agentes ajudaram a patrocinar golpes de estados, promoveram atos de sabotagem, mataram lideranças populares e nacionalistas, deram cursos de tortura e treinaram grupos paramilitares. Osama Bin Laden, hoje odiado nos EUA, foi um dos “guerreiros da libertação” financiado pelo governo ianque, quando da guerrilha contra os soviéticos no Afeganistão. O famoso Cabo Anselmo, que ajudou a criar o clima para o golpe militar de 64 no Brasil, ainda hoje vive sob a proteção da CIA.


 


O texto citado lembra a presença em solo ianque de três carrascos do Peru e Argentina, o que confirma “a existência de larga lista de repressores que vivem e, inclusive, trabalham nos EUA, embora seus países de origem os reclamem para ser julgados e presos”. Telmo Hurtado e Juan Rondon, dois militares peruanos, são acusados de terem participado do famoso “massacre de Accomarca”, em 1985, que resultou na morte de vários inocentes. Já o argentino Ernesto Barreiro é acusado de praticar torturas no centro de detenção clandestino de “La Perna”, durante a ditadura militar. Os três foram detidos em meados março pelo crime de “fraude migratória” e não por violações aos direitos humanos. Eles já residiam há tempos nos EUA.


 


 


Segundo entidades de direitos humanos do próprio país, “as leis estadunidenses não permitem julgamento por morte ou torturas cometidas no estrangeiro… Estes indivíduos residem nos EUA de forma pública ou oculta”. A Justiça recorre à detenção para sabotar os processos de repatriação destes criminosos. Um caso famoso é de Armando Larios, integrante da “Caravana da Morte” durante a ditadura de Augusto Pinochet, “que hoje reside na Flórida”. Outro é de Álvaro Saravia, que participou do assassinato do arcebispo de El Salvador, Oscar Romero, em 1980, e que há três anos foi visto em sua casa na Califórnia e recentemente deu entrevista ao jornal El Nuevo Herald, da Flórida. “Seu paradeiro é desconhecido”, ironiza o artigo.

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