Foz do Iguaçu começa seu plano

A cidade de Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira, coração do Mercosul, rica em experiências de integração, é um dos primeiros municípios paranaenses a se integrarem ao revolucionário projeto iniciado em 2006, intitulado Plano Nacional do Livro e Leitura. Projeto que quer resgatar a histórica dívida social que o país tem com sua construção, reduzindo nosso absurdo déficit de leitura e constituindo uma política de Estado para o setor.

O governo municipal de Foz do Iguaçu apresentou durante a quarta edição do Salão Internacional do Livro o Grupo de Trabalho que irá preparar o Plano Municipal do Livro, Leitura e Literatura (aqui nós incluímos a literatura). Composto por 27 pessoas, entre escritores, incentivadores de leitura, livreiros, professores, bibliotecários, representantes dos três cursos de Letras da cidade e representantes do Poder Executivo (Fundação Cultural e Secretaria de Educação), o grupo terá a tarefa de diagnosticar a situação da leitura, do acesso ao livro e da produção literária local para propor um projeto que será a base do Plano Municipal.

Assim como a experiência nacional (que se encontra em fase de insegurança devido a equívocos de centralização de poder das políticas da área do livro, leitura e literatura na Fundação Biblioteca Nacional), assim como a experiência paranaense (que começa a ser executada com a entrada de Rogério Pereira na Biblioteca Estadual), a experiência municipal é simbólica de quando a sociedade organizada quer e a vontade política dos governantes entende ser importante, é possível constituir ações que atinjam feridas históricas da nação.

Em Foz do Iguaçu o projeto começou com uma iniciativa nossa na Câmara Municipal, onde realizamos uma Audiência Pública, em 2010, para apresentar a cidade o que é a proposta do Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL. Com amplo apoio da Secretaria Municipal de Educação, capitaneada pela camarada Joane Vilela e da Fundação Cultural e seu diretor presidente, Adelino de Souza, o prefeito Paulo MacDonald, que é um incentivador da leitura, comprou a ideia e a tirou do papel nomeando o Grupo de Trabalho, acatando as indicações da sociedade local e das instituições de ensino.

Fundamental para construirmos uma sociedade melhor, capaz de lutar por uma nação realmente independente, livre e desenvolvida, os investimentos na área da leitura, para o acesso ao livro e para a produção literária, necessitam cada vez mais integrar a pauta política nacional, dos estados e dos municípios. E isso pode acontecer mesmo que em sua cidade não tenha governantes ou representantes do poder legislativo comprometidos com a causa, desde que as pessoas conscientes de cada cidade estejam convencidas de que é importante lutar por políticas públicas voltadas para o livro, para a leitura e para a literatura.

VALE LIVRO

Vale citar como parte deste exemplo iguaçuense, que temos o dever de divulgar, a proposta do Vale Livro, instituído pela Secretaria Municipal de Educação, que distribuiu gratuitamente aos alunos da rede local 50 mil exemplares de livros infantis durante o Salão Internacional do Livro, realizado entre os dias 04 e 14 de agosto. Cada criança, desde os alunos da educação infantil ao 5º ano do ensino fundamental, recebeu um vale livro, que deveria ser levado para casa e depois acompanhado dos pais, seria trocado por um livro em um dos estandes das livrarias da cidade instaladas no Salão do Livro.

O ato simbólico, de ver crianças que nunca haviam comprado um livro, adquirirem o primeiro livro numa livraria, arrastando o pai ou a mãe (ou os dois) pelo braço, é de um valor impagável. Esta criança levou este livro para casa, não como qualquer livro, mas como o seu livro e passa a tratar o objeto livro como algo parte de sua vida, parte de seu cotidiano e com certeza, começa a dar uma importância diferente ao ato de ler.

Que fiquem os exemplos e que eles se repitam.

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