Gasparian

Na sexta-feira passada, seis de outubro, faleceu o empresário Fernando Gasparian. A notícia da sua morte obteve discretas notícias nos jornalões da mídia nacional. As exceções foram os portais do campo progressista, como o Vermelho, Carta Maior etc.

Gasparian foi um empresário nacionalista, defensor de um caminho ao desenvolvimento democrático e independente para o país. Não ficou no domínio das idéias, evitando, assim, os graves problemas que poderiam surgir com quem se metesse com a ditadura.


 


 
Ao contrário, assumiu uma empreitada perigosa e de confronto com o regime truculento. Bancou financeiramente em 1972 o semanário Opinião. Combativo, excelente nível jornalístico. Uma luz nas trevas, um bálsamo contra a brutalidade da censura.


 



Havia exceções na grande imprensa de circulação nacional. O “Estado de São Paulo”, conservador até hoje, faça-se justiça, reagiu aos ditames da violência contra a liberdade de informação. Publicava sonetos de Camões, preenchendo as lacunas deixadas pelas implacáveis tesouras dos censores.


 



O “Correio da Manhã” do Rio de Janeiro foi abatido por asfixia econômica, em 1970. Outro, paulista, dócil e colaborador com a ditadura, emprestou suas “Veraneios” de distribuição aos órgãos de repressão do governo.


 


 



Esse, atualmente considera-se a própria liberdade de informação, democracia, ética e moralidade, principalmente em implacável combate ao governo Lula. Era o órgão do regime tenebroso. Uns se portaram com dignidade e outros subservientes, cúmplices do arbítrio.


 


 


 
Nesse espaço de obscurantismo e terror contra os jornais e jornalistas que resistiam como podiam, o “Opinião” foi uma valiosa fonte de informação e resistência do povo brasileiro, aos combatentes pela liberdade. O seu editor foi Raimundo Rodrigues Pereira. Excelente jornalista com passagem em vários órgãos da grande imprensa.


 



Com o “Pasquim”, “Opinião” chegou a bater recordes de venda nacional. No começo de 1977, o jornal foi morto a pauladas pela censura e perseguições. Em seu lugar nasceu o “Movimento” com o mesmo editor. Abraçado pelos resistentes com o idêntico entusiasmo.


 


Tive o privilegio de ser Constituinte com Gasparian. Manteve a sua coerência. A luta possui um contínuo histórico. A próxima página será virada em 29 de outubro. A época é distinta, mas os conservadores jogam o mesmo jogo.

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