Morre Gillo Pontecorvo, cineasta de “A Batalha de Argel”

O cineasta Gillo Pontecorvo, ganhador do Leão de Ouro em Veneza em 1966 por A Batalha de Argel, morreu aos 86 anos, na noite desta quinta-feira (12/10), hospital Gemelli de Roma. A causa da morte não foi divulgada.

Pontecorvo era considerado um dos diretores italianos mais importantes do pós-guerra, apesar de ter rodado poucos filmes. Nascido em 1919 na cidade toscana de Pisa, era de uma rica família judia. Estudou química, trabalhou como jornalista e, no início dos anos 40, filiou-se ao Partido Comunista italiano. Participou da resistência antifascista de 1943 a 1945.


 


Correspondente em Paris de vários jornais italianos depois da guerra, começou no cinema como ajudante do diretor francês Yves Allégret. Seu primeiro longa-metragem, A Grande Estrada Azul (1957), mostra um povoado de pescadores onde Yves Montand luta para sustentar sua família. Três anos mais tarde, Pontecorvo conta em Kapo a história de uma judia que se transformou em auxiliar dos nazistas num campo de concentração.


 


A fama
Em 1965, o longa-metragem A Batalha de Argel – sobre a guerra da independência da Argélia – consagrou o diretor. Filmada e co-produzida com o argelino Saadi Yacef, ex-dirigente da Frente de Libertação Nacional (FLN), a história mostra de maneira realista a luta dos militares franceses contra os homens da frente em 1958. O filme foi feito em preto e branco, ao estilo documentário.


 


No filme, Pontecorvo mostra a brutalidade de ambos os lados envolvidos na guerra de 1954 a 62, incluindo ataques a bomba contra civis lançados por militantes e a tortura realizada por militares franceses. Proibido na França por vários anos, A Batalha ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza em 1966. Também  foi indicado para três Oscar – de diretor, roteiro e filme de língua estrangeira.


 


Em 2003, o Pentágono exibiu o filme para oficiais e especialistas civis que estudavam os desafios enfrentados pelo Exército dos Estados Unidos no Iraque, segundo divulgou o jornal The New York Times.


 


Outros filmes
Após A Batalha de Argel, Pontecorvo dirigiu Marlon Brando, em 1971, como um mercenário que instiga uma revolta de escravos em uma ilha caribenha no filme Queimada. O diretor voltava, assim, ao tema do colonialismo.


 


Em seguida, ficou dez anos sem dirigir, só retornando ao cinema com Ogro, filmado na Espanha. O filme conta a preparação e execução pelo grupo separatista armado basco ETA (Pátria Basca e Liberdade), em Madri, de um atentado em 1973 contra o almirante Carrero Blanco.


 


Gillo Pontecorvo dirigiu a Mostra de Veneza de 1992 a 1996. O cineasta deixa mulher e três filhos.