Mãos ao alto, isso é um assalto!
Imaginemos um cidadão, trabalhador, que, ao sair de um banco, onde sacou seu salário, já pensando em quitar seus débitos, é abordado por um assaltante. Revolver em punho, o gatuno vocifera: “me passa a grana ou eu te mato!”
Publicado 14/12/2015 11:35
Qual deveria ser a atitude da vítima? Se tiver inteligência suficiente dirá ao larapio: “tome pode levar o dinheiro.”
Neste exato momento ele estará fazendo um acordo com o bandido. Uma troca. Cedendo a grana e ficando com a vida. Com ela pode continuar a trabalhar e mais cedo ou mais tarde, recuperará o dinheiro.
Ou seja ao empunhar a arma e utiliza-la para o crime, o ladrão, estará propondo um acordo. E ao propor ele estará dando uma chance a vítima. Se a pessoa assaltada tiver mais coragem do que inteligência, fatalmente ficará sem os dois: a vida e o dinheiro.
Mas a inteligência ao aceitar o acordo não é só do cidadão. O assaltante, também demonstrará inteligência ao propor o acordo. Pois se o interesse dele é no dinheiro é lógico supor que deixando o cidadão vivo, terá ele, quem sabe, outras chances de assalta-lo. Coisa que não ocorrerá se o incauto não estiver mais vivo.
Assim é na política! Em especial na situação em que vive a Presidente Dilma! A necessidade de ampliação, sua fragilidade, impõe acordos com “bandidos”. Acordos pontuais, passageiros até desconfiados, mas precisa. Neste sentido o Ciro Gomes está errado.
O episódio da oportunista carta do vice Michel Temer é emblemático. Explorado a exaustão pela mídia (um verdadeiro partido de oposição) o fato expõe, de certo modo, a conhecida, forma sectária do PT e do Governo, tratar os aliados.
Claro que o Temer, viu a fragilidade do governo e procurou e procura trabalhar com isso. Afinal a oportunidade dele se tornar Presidente é uma hipótese. Improvável no momento, mas possível, já que o desfecho da luta em curso está indefinido.
Quando a correlação de forças é desfavorável, os inteligentes fazem de tudo para não ter mais inimigos. Mesmo quando o aliado quer romper, faz de tudo para mudar de lado, é necessário dificultar as coisas para que o outro lado se fortaleça. É melhor ter um aliado pela metade do que ter um adversário por inteiro. Ademais a carta brega do vice, diz, no momento errado, coisas que nós, todos nós sabemos. A desconfiança e o papel decorativo, dele e de qualquer aliado do PT. Quando o PT está fraco é assim, imagine ele forte. Não é brincadeira!
Então os que querem a manutenção do processo democrático, que defendem a legitimidade do governo eleito por maioria indiscutível dos votos, devem fazer um esforço para ampliar. Não perder a parte do PMDB que ainda está com o Governo.
O Presidencialismo é assim! O Governo só consegue governar com maioria parlamentar. Isso é básico, elementar! Se não se consegue a maioria no processo eleitoral é preciso construir, fazer acordos (como o citado acima). Quando o executivo está fraco, o Legislativo vai “prá cima”. E na minha opinião a Dilma, cometeu sucessivos erros que tem como origem o não entendimento deste “fundamento” da democracia presidencialista tupiniquim. Você pode até não concordar, mas se não tem forças para mudar e se propôs a governar, é obrigado a aceitar.
A luta contra o golpe parlamentar precisa repercutir nas ruas, é verdade. Mas o seu desfecho se dá, sobretudo no Parlamento. Urge ajustar as coisas por lá. Primeiro porque a necessária mobilização não trará para as ruas as multidões que nós gostaríamos, segundo porque no ambiente, em especial, da Câmara dos Deputados, nós estamos levando um vareio. O Eduardo Cunha, nada de braçada, manobra a rodo e vem obtendo sucesso nas suas iniciativas.
A luta não está fácil, a semana não foi boa para o Governo. O fiasco das manifestações(golpistas) de ontem não deve nos iludir, ainda estamos nas cordas e preciso golpear o adversário, isolar o inimigo principal, jogar o jogo, fazer política ampla e radical. Obter vitórias mesmo que pontuais animam a tropa, estimulam a mobilização, mas quem tem a mão no leme precisa ajudar.