Memória sindical

Estamos acostumados a ouvir que o movimento sindical brasileiro é ágrafo, quer dizer, não tem registro escrito dos seus dirigentes, eles não costumam escrever refletidamente sobre suas experiências.

Mesmo a academia abandonou ou relegou a uma situação inferior os estudos sobre o trabalho e conseqüentemente sobre a ação sindical.

O que ouvimos não deixa de ser verdade. Os dirigentes não escrevem (a não ser textos curtos de agitação) e o movimento não se analisa.

Mergulhados no praticismo do dia a dia os dirigentes e os ativistas, mesmo os melhores e mais experientes, não têm podido dedicar-se à escrita longa e apenas transmitem, de maneira oral e assistemática ou em seus textos curtos, suas experiências e sua sabedoria.

Algo começa mudar e começa a mudar como devia ser: com o início da busca da própria história.

Recebi como regalo o alentado livro “Sinttel/RJ 1984-2009 Uma fotobiografia de 25 anos de ação” de Maria Cláudia Pereira da Silva sobre as lutas sindicais dos trabalhadores de telecomunicações do Rio de Janeiro.

É um livro primoroso, bem cuidado e editado, que tem a elegância de um álbum.

Felizmente não é o único exemplo, mas quero destacá-lo em regozijo pelo presente.

Faço a sugestão às centrais sindicais, às outras entidades e aos Centros de Memória Sindical de organizarem a coleta e registro sistemático das obras que o movimento tem editado, chegando em prazo curto a produzir um catálogo das publicações sindicais sobre sua história, sobre a história das entidades e suas lutas, depoimentos dos dirigentes e comemorações de lutas e efemérides. Se esta sugestão for acatada e trabalharmos com inteligência faremos que a escrita dos sindicatos, além da agitação que já é feita pela imprensa sindical, reforce o protagonismo que o movimento sindical vem adquirindo na sociedade.

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