Mobilização, já!

Em meio a alvissareira noticia informada pelo IBGE que, através de pesquisa, constatou ter triplicado o número de negros nas universidades nos últimos dez anos, ocorreu a previsível decisão do Presidente da Câmara dos Deputados em aceitar o pedido de Impeachment da Presidenta Dilma.

Acuado pelas contundentes evidências de crimes, buscou chantagear o governo e o PT para salvar-se da possível cassação e consequente prisão. Na verdade parte do Governo Federal e do Partido da Dilma chegou a flertar com o canalha, na ilusão que isso resultaria em algo de bom. Mas felizmente, para todos nós, resolveram por fim não participar de tamanha perfídia.

A aceitação, do pedido, deu início ao processo formal na casa legislativa de debate sobre a possibilidade de impedimento da Presidente. Por um lado foi bom, pois os cidadãos e cidadãs de bem do país não aguentava mais esse jogo de bastidores tendo como palco a mídia ávida por golpear o governo e apear a primeira mulher a presidir o Brasil, do poder.

Pelo menos agora o debate vem para a luz do dia, saindo da coxia e vindo para palco onde os “atores” terão mais dificuldades de fazer o jogo sujo das madrugadas.

Sobre o mérito do pedido, muito já se falou e escreveu-se, em especial o excelente texto do ex-Deputado Federal Haroldo Lima, publicado aqui neste portal. Mas registro, também a opinião do jurista Marcello Lavenère, que foi, a pedidos, autor do pedido de impeachment do Collor em 1992, que em contundente, entrevista ao portal(tucano) UOL onde diz:” há uma posição pré-estabelecida contra a Dilma. 15 dias depois da posse o PSDB pediu um parecer ao Ives Gandra Martins. Não era possível que em apenas quinze dias de governo a Presidente tivesse cometido tamanhos desvarios que justificassem o seu impedimento. O impeachment não é para a luta política. O que ela fez? Roubou? Recebeu propina? Recebeu vantagens ilícita? Perdeu o decoro do cargo? Cometeu alguns dos ilícitos contidos na Constituição? Não!!! Vamos arrumar uma desculpa: pedaladas.”

E mesmo o argumento que houve pedaladas no ano atual, cai por terra quando o Congresso autoriza o déficit orçamentário como fez recentemente.

Reagir com indignação é o mínimo que se espera dos democratas, das pessoas sérias e responsáveis da nossa nação. Resistir e enfrentar a luta nas ruas é dever daqueles que lutaram neste país para estabelecer uma democracia com direitos respeitados e definidos.

Conseguir 180 votos, necessários para barrar o processo, na Câmara não deve ser muito difícil. Desde que se faça política, a boa política. Manobras políticas inerentes a batalha que ora se inicia. Claro que a dificuldade pode ser maior ou menor dependendo da ânsia do PMDB e do Vice, que dá sinais de se contentar com o apoio para três anos de governo, já que ninguém, neste país nenhuma força política, muito menos os tucanos, irão se comprometer com apoio para o PMDB em 2018.

Mas a preocupação principal é com as ruas. Deve ser com a mobilização do povo! Cabe ao PT, partidos aliados (sem dúvidas a responsabilidade do Partido dos Trabalhadores é maior) e ao Governo ampliar.

Sem ampliar não conseguiremos mobilizar nas ruas. As forças de oposição que tem na mídia e em parcelas do judiciário seus principais aliados estão fazendo seus movimentos. Vão fazer o possível para colocar muita gente nos atos. Poderio para isso eles têm.

No Congresso os partidos que compõem a base do Governo devem lutar para acelerar o processo e produzir um desfecho rápido, pois do contrário a crise política assumirá proporções irreversíveis, no curto prazo, contaminando, de verdade, a economia e estimulando uma mobilização negativa do povo.

Do ponto de vista das ruas, da presença das forças avançadas e consequentes nas ruas, é necessário ampliar. Nem todo mundo que não gosta da Dilma e do seu governo aliás sofrível em alguns aspectos, enfrenta do ponto de vista administrativo problemas de paralisia, é a favor do Golpe.

Há inúmeras pessoas que criticam o governo, mas entendem que há legitimidade conferida pelos cinquenta e quatro milhões de votos e essas pessoas devem ser tratadas como aliadas e potenciais apoiadores do processo.

Acredito que a defesa linear, e por vezes intransigente, do governo não ajuda a mobilização ampla. Reconhecer sem assimetrias que temos dificuldades e defeitos não significa jogar “a criança com água suja fora”, mas dialogar com a sociedade, contaminada, pelas atitudes das elites reacionárias, mostrando o que está em jogo.

A democracia está ameaçada e a responsabilidade maior desta situação é dos tucanos que não aceitando a derrota, insistiu, repetindo na prática, Carlos Lacerda a máxima que tanto mal trouxe ao nosso país no passado.

Ir às ruas, se apoiar no povo. Travar a boa luta e o bom combate é o papel daqueles que têm consciência! Ampliar para radicalizar na defesa da democracia, radicalizar para ampliar a luta contra o golpe!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor