Moro constrange o Judiciário

 

Após a sequência de conversas entre o ex-juiz Sérgio Moro e membros do Ministério Público, reveladas pelo Intercept, duas certezas são evidentes: os “julgamentos” de Moro foram uma grande farsa; e o judiciário se sente profundamente constrangido com os métodos de seu ex membro.

Como se não fosse pouco o ex-juiz ter armado processos, orientado operações, escolhido quem deveria ser condenado e absolvido, agora também se sabe que eles tentaram interferir até em eleições na Venezuela.

O princípio de que o juiz só deve falar nos autos – a essência do processo legal – foi grosseiramente substituída por práticas e métodos fascistas de fazer corar de vergonha até mesmo o inescrupuloso Odorico Paraguaçu.

E tudo isso em troca de que?

Para ele ganhar o cargo de ministro da justiça e, no futuro, um cargo no STF.

Mas, principalmente, para ajudar a impedir a vitória da esquerda e assegurar a vitória da direita, ou seja, de Bolsonaro e sua turma para que estes, uma vez empossados, acabassem com programas tipo mais médicos, minha casa minha vida, redução do salário mínimo e acabar com a sua aposentadoria.

Por tudo isso não é surpresa o grau de constrangimento que hoje se observa no conjunto do judiciário.

A grande pergunta do momento, portanto, é saber até quando o judiciário vai suportar, em silêncio, esse constrangimento.

A recente pesquisa do DataFolha indica que uma parte da sociedade relativiza as estripulias de Moro sob a tosca justificativa de que alguns poderosos foram condenados.

Mas será que as camadas populares também relativizarão as ilegalidades de Moro, quando perceberem que elas faziam parte de uma trama para arrancar seus direitos?

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