Navalha na raiz da corrupção

A semana fechou e uma nova se inicia ainda sob os impactos da “operação navalha”.  A navalha da PF por mais necessária e eficiente que seja não alcança a raiz. O financiamento privado das campanhas eleitorais é a fonte de boa parte dos escândalos e i

Um escândalo após o outro numa escala que parece não ter fim golpeia severamente o Congresso Nacional e demais Poderes da República. Objetivamente, isso leva o povo a descrer na democracia. E o Brasil precisa mais do que nunca de mais democracia para que vá adiante o processo de conquistas iniciado em 2002.


 


 


No caso do Congresso Nacional cortar na raiz boa parte dos escândalos é acabar com o financiamento privado das campanhas eleitorais e no seu lugar instituir o financiamento público exclusivo. O caminho para isso é a realização imediata da reforma política. Ela está pautada e agendada para começar já na Câmara dos Deputados. É preciso ver para crer. Sempre, à última hora, ela é postergada


 


 


As campanhas eleitorais, progressivamente, foram se tornando muito caras. E o modo de custeá-las é por intermédio da “doação” de bancos, empresas e negócios de diferentes portes. Uma pequena quantidade desse financiamento é doação motivada pela mensagem programática das candidaturas. A “doação” no geral  é uma duplicata que depois é cobrada com juros. Surge então uma teia de negociatas e tráfico de influências tecida por personalidades do Executivo, Legislativo e Judiciário. A resultante é que o financiamento privado, em grande parte, é bancado por recursos públicos.


 


 



Vozes do Congresso e da sociedade civil entoam um coro contra os possíveis desrespeitos à lei nas ações da PF. Dirigentes da OAB atolam no exagero e chegam a enxergar indícios de um Estado policial.  O presidente da República determina que possíveis abusos sejam investigados e coibidos. Há sim desnecessário espetáculo midiático e vazamento seletivo de processos que correm “em segredo de justiça”. Como já foi dito no topo, o combate à corrupção deve prosseguir com rigor. É uma das qualidades do atual governo, mas é preciso que se respeite integralmente o Estado democrático de direito.


 


 


Contraditoriamente, parte dessas vozes que emitem protestos contra a PF, se cala em relação à necessidade de uma reforma política que amplie a democracia e que a liberte de mecanismos que a debilitam. O conservadorismo quer uma PF benévola, concordata com os que usam linho e ao mesmo tempo defende a continuidade do financiamento privado entre aspas das campanhas eleitorais. Esquema velho e corroído que lhe permite saquear o Estado.


 


 


Alguns, demagogicamente, dizem que o povo refutará o financiamento público. No primeiro momento talvez a opinião pública não entenda por inteiro a justeza da medida. Mas, o debate e a informação progressivamente irão esclarecer que pelos caminhos sujos da ilicitude hoje quem paga a maioria das campanhas é o dinheiro público.
 

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