Num frio, muito aquecimento global

No inicio deste ano fui convidado por um mano aqui do município de Ribeirão Pires (ABC Paulista) O Sr. Ademir Manteiga, a participar como representante da Nação Hip-Hop Brasil em uma reunião regional da “FACESP – Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo” onde as associações e entidades organizadas iriam discutiam ações de melhorias públicas em prol a sociedade civil.

Nesta reunião me chamou a atenção um dos participantes de nome Soares, professor e ambientalista da cidade de Rio Grande da Serra, vizinha a Ribeirão.

Lembro-me que ele citou vários pontos sobre o meio ambiente, a importância do saneamento básico na região, a represa billings, as nascentes, o descumprimento da Agenda 21 por parte de autoridades da região. Ele citou algo curioso também, que são as grandes empresas e a elite brasileira quem mais faz ligações clandestinas de água e luz, e não a população de comunidades carentes como muitos da imprensa citam por ai, e nenhuma providencia é tomada neste sentido, enquanto muitas vezes um pai de família é obrigado a ver sua família no escuro, com a energia de casa cortada por não ter tido condições de paga-lá e não por má fé.

Vendo todo o conhecimento que o professor demonstrou em suas intervenções, resolvi convidá-lo para um bate-papo com os membros da Nação Hip-Hop aqui de Ribeirão Pires, para entendermos um pouco sobre o que é esse tal aqueciento global.

Ainda mais tendo em vista o encontro da Nação que se aproxima e que tem como bandeira este tema.

Após pegar seu telefone, dias depois liguei pra ele e marcamos a atividade, para acontecer na ARCA – Associação Ribeirãopirense de Cidadãos Artistas, que agrega artistas da musica, do teatro, do circo, e também claro do hip-hop. Onde a Nação é um dos núcleos Associados e utiliza o espaço quanto tal.

A atividade aconteceu no ultimo dia 28 passado e ao chegar na sede as 16:00 horas, com um retro projetor e um dvd que havia emprestado para melhor ganho na atividade fui informado por um mano que lá se encontrava, que a luz havia sido cortada, pois os recursos do mês da associação não havia sido suficiente para o pagamento das contas pendentes, e achávamos que na semana daria tendo de solucionarmos o problema.

Pois bem o pessoal começou a chegar pra atividade e o professor Soares chegou em seguida. Sendo assim achei melhor desenvolver um bate papo em respeito aos que vieram e enquanto havia luz ambiente, era um dia nublado e nisso já era 16:30.

Através da explanação do professor, deu pra ver o quanto o tema Aquecimento Global é complexo e dias seriam necessário para abordar o todo o tema, mas ele resumio sua explanação com argumentos importantíssimos como:

– A intervenção por parte do homem em 200 anos alterou um sistema que levaria bilhões de anos para acontecer

– Estes problemas vêm ocorrendo desde a industrialização na década de 50, como as grandes carvoarias usadas na Inglaterra, por exemplo, que em dias secos formava uma grande nuvem branca no ambiente tal como uma neblina.

– O Brasil também é atualmente um dos grandes responsáveis pelo chamado efeito estufa.

– Desmata-se um campo de futebol por dia na Amazônia, e existe uma previsão que ela pode no futuro se transformar em uma grande savana

– Existem grandes queimadas no Brasil em prol da agropecuária, 01 kilo de carne é equivalente a 10 hectares devastados.

– Os paises próximos à linha do equador será os primeiros a sentirem os impactos do aquecimento global

– Já existem os chamados refugiados ambientais vide KiriBati na Oceania.

Mano! A idéia corria solta é já eram 18:00 hs, um frio danado, lá fora mó neblina e a sala tava um breu quando resolvi ligar a lanterna do meu celular pra pelo menos ver o semblante de quem estava na sala.

Como o tema é extenso pedi gentilmente ao professor nos orientasse em sua finalização nos orientando o que é podemos a partir dali dar de contribuição ao planeta. E ponderei que apesar de sabermos do problema, seria hipocrisia pedir ao mano que mal consegue garantir a refeição diária dentro de casa se preocupar com o aquecimento global, ou num fazer a fogueira em frente ao barraco pra se aquecer do frio.

O Professor disse que o avanço da ciência e da tecnologia é importante para nós, e por isso não nos permite regredir em vários pontos, mas devemos como ponto de partida, nos preocupar com o consumo desenfreado, e que o consumismo liderado pelo sistema capitalista e pelos chamados paises de 1º mundo alem de gerar toda essa desigualdade social existente, e umas das grandes causadoras do problema, vide os paises que utilizam o petróleo ou carvão como gerador de matrizes energéticas, e que não contribuem neste debate. Como os EUA, por exemplo, que se recusou a assinar o tratado de kioto.

Por isso é preciso a sociedade repensar um pouco seu modo de vida.

E pra nos da periferia vale uma pequena dica; reduzir o consumo de energia, por exemplo, além de ajudar na luta contra o aquecimento global você economiza no bolso, aparelhos “desligados” em Stand-by pode ser responsáveis por 20% do valor da conta mensal.

Finalizei a atividade agradecendo aos manos e minas que ali que estavam firmes no bate papo apesar dos contratempos.

Agradeci ao Professor pela atenção junto a um pedido de desculpas pela falta de luz, e combinamos um outro bate papo sobre assunto e é claro agendamos a presença dele no ECO Hip-Hop, setembro em Campinas.

Mais uma vez o hip-hop abraça um tema em prol da luta social.

Demorô, tamo junto!