O balanço da festa
A cultura é um setor estratégico na economia de vários países. Relatórios de organismos internacionais indicam que 7% do PIB do planeta decorrem deste produto. Apesar da grande diversidade cultural, América Latina e África controlam 4% da movimentação em que apenas cinco países detêm 60% de toda a produção. Efeitos da globalização e das formas de dominação impostas por grandes empresas transnacionais.
Publicado 18/02/2015 12:09
Por exemplo, 80% das salas de cinema do mundo são dominadas por empresas de Hollywood. Já, no Brasil, a indústria cultural mobiliza milhares de empresas e emprega, aproximadamente 1,5 milhões de pessoas, sem contar na economia informal.
Neste universo, a cultura negra se destaca e, é essência no carnaval. No encerramento deste que, é o maior evento cultural do país, e de maior presença negra, assistimos o velho enredo: quando se trata de setores lucrativos não são os negros que controlam o negócio. Das grandes escolas de samba do eixo Rio-São Paulo raras são as administradas por famílias negras como era no passado, isso, quando o carnaval não dava lucro e não recebia os milhões de dólares que envolve as grandes cervejarias, telefonia móvel, passando por gigantes do sistema financeiro.
Hoje, esta festa popular, é vendida por uma única emissora de TV para mais de 180 países. Dos setores que mais lucram como hotéis, agências de viagens, empresas
aéreas, não se sabe o registro de negros no comando. Estes, são visíveis
apenas nos serviços periféricos da economia como: garçons, seguranças, cozinheiros e trabalhos braçais, jamais, como empresários.
O protagonismo negro, no carnaval, aparece maciçamente na outra ponta da economia: nos trabalhos informais, como cordeiros de blocos, ambulantes, catadores de latinhas, mostrando a verdadeira face do apartheid social e racial brasileiro. Fazendo uma analogia a música de Vinícius, se o samba nasceu lá na Bahia e se hoje ele é branco na poesia, ele é …. branco demais também na divisão dos lucros.