O Cartão Vermelho
A copa do mundo já é passado e as eleições estão aí, exigindo ação, reflexão, iniciativas. No entanto, existe um episódio que provocou acirrada celeuma, do qual devemos extrair algumas lições,
Publicado 15/07/2006 19:17
Zidane, como narra o L´Humanité, jornal francês, foi um garotinho Kabila, povo das montanhas do Norte da África. Nos tempos livres, em França, batia bola de encontro a uma parede. Um marselhês enjeitado da praça La Castellane, que virou gênio.
Avesso ao exibicionismo, detesta ser garoto propaganda, concede entrevista quando é essencial. Voltou à seleção porque sentiu que o seu talento era imprescindível a uma equipe de veteranos que nele tinha a referência da liderança. Retornou para se aposentar.
E vem a dramática prorrogação da finalíssima. Todos viram o que aconteceu. O cartão vermelho foi correto. Mas, determinado não se sabe ao certo, pelo quarto ou quinto juiz, reservas, ou pelo vídeo da jogada.
Várias TVs do Brasil e da Europa, procuraram especialistas em leitura labial para detectar o que teria dito o italiano ao jogador. Várias vezes teria xingado de prostitutas a mãe, a irmã do francês, além de um palavrão impublicável, inenarrável.
Jamais a imprensa deixa de falar ou publicar um palavrão, mesmo que pontilhado. Por exemplo, filho da p… etc. Grande parte da nossa mídia afirmou que os jornalistas do mundo que cobriam a competição não dariam o título de o melhor da Copa ao francês.
Perdeu a aposta.
Um internauta no portal de “O Globo” declarou: os que são capazes de comprometer a vitória em uma competição ou mesmo em uma batalha para defender seus princípios, estes é que são os verdadeiros heróis.
Zidane é “politicamente incorreto” e isto é imperdoável. Não importa o que os cartolas do futebol digam ou aconselhem ao próprio atleta. Nestes tempos atuais, princípios, dignidade, honra, são pecados capitais. Mais que a cabeçada e o cartão vermelho.