O macro e o micro

O movimento sindical quer muito pouco, mas o que ele quer representa muito para milhões de trabalhadores e para a sociedade.

O movimento quer democracia e seu aprofundamento, com eleições livres e periódicas, respeito aos direitos humanos e aos direitos sindicais, partidos políticos fortes e atuantes, liberdade e responsabilidade da comunicação social.

O movimento quer uma política econômica de desenvolvimento sustentável, com distribuição de renda e valorização dos salários, emprego e qualificação dos trabalhadores; quer que a parte dos salários na economia suba mais rápido que o próprio aumento da economia.

O movimento quer a continuidade e a melhoria das políticas públicas, em especial as políticas sociais, que se orientem pela equalização das oportunidades, pela educação de qualidade e melhores condições de vida, saúde e segurança para os trabalhadores da ativa e os aposentados; o movimento quer a reforma agrária.

O movimento quer relações soberanas do Brasil com todo o mundo, em paz e em desenvolvimento, de tal forma que o anseio secular dos trabalhadores “que não tem têm pátria” se realize através dos laços de solidariedade mútua dos sindicatos do mundo todo.

Tudo isto será apresentado, como plataforma e manifesto, pelo conjunto amplo do movimento sindical brasileiro no Encontro do Pacaembu, em 1º de junho.

Essas pretensões têm fundamento.

Assim como a economia pode ser estudada como microeconomia (que estuda a forma pela qual as unidades individuais que compõem a economia agem e reagem umas sobre as outras) e a macroeconomia (que estuda o comportamento da economia como um todo) o movimento sindical pode ser entendido como o movimento dos trabalhadores enquanto unidades individuais ou coletivas limitadas, como parcelas de interesses concomitantes e o movimento do conjunto amplo dos trabalhadores, como classe de interesses convergentes; no primeiro caso destaca-se o papel do sindicato e a luta sindical corporativa, no segundo o das centrais sindicais que agem e propõem políticas de grande amplitude como a valorização do salário mínimo, os ganhos reais para as aposentadorias e a baixa da taxa de juros, por exemplo.

Ao formular a plataforma unitária e seu manifesto para a sociedade e os políticos, o movimento age de forma grande, macro, com a responsabilidade e a representatividade unitárias que vem adquirindo e exercendo.

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