O presidente e os governadores

Daqui até 31 de dezembro (para fixar uma hipotética data limite) muito se discutirá acerca do segundo mandato do presidente Lula – da composição do ministério e dos rumos da economia, sobretudo. Partidos e grupos políticos e sociais que apóiam o president

Nesse cenário, merece atenção uma das variáveis importantes – a conduta dos novos governadores.


 


Historicamente os governadores sempre jogaram papel importante na relação entre a União e os Estados, refletida no item governabilidade. Na República Velha exerciam influência significativa. Depois da Revolução de 30, idem – mormente pelo no ambiente democrático federativo, ressalvados os interregnos autoritários registrados de 1937 a 1945 e de 1964 a 1985.


 


Governadores condicionam em boa medida o comportamento dos representantes estaduais no Congresso Nacional. Interferem em votações importantes e usam isso como fator de barganha junto ao presidente. Foi assim no atual mandato de Lula; e será novamente no segundo mandato, a se iniciar em janeiro. Com duas novidades que podem fazer a diferença.


 


A primeira novidade: dos vinte e sete chefes do poder executivo estadual, vinte se aliam ao presidente. Dos sete restantes, nem todos desejam trombar com o governo federal, tendem a uma meia embreagem conciliatória. Aceitam negociar.


 


A segunda novidade tem uma dupla face: o presidente se reelegeu respaldado numa votação consagradora no segundo turno; e tudo indica que as condições construídas no primeiro mandato permitirão um melhor desempenho da economia. Quem sabe o PIB chegue aos 5% almejados por Lula. Gera-se, então, um ambiente social e político otimista, favorável ao entendimento.


 


Provavelmente pensando assim é que alguns dos novos governadores nordestinos, Eduardo Campos (Pernambuco), Marcelo Déda (Sergipe) e Jacques Wagner (Bahia), anunciam a tentativa de um entrosamento com os demais colegas da região para, em bloco, reivindicarem junto à União agilidade na implementação dos grandes projetos estruturadores da economia – que contribuirão para reduzir as desigualdades regionais – cuja pedra fundamental foi plantada no primeiro mandato do presidente.


 


Eles têm a legitimidade das urnas, força no parlamento e uma evidente sintonia com o governo federal. Sabem do que falam – e do que pretendem fazer.

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